Novo dossiê da “Revista USP” analisa Ciência e Tecnologia no Brasil bicentenário

Publicação fecha a tetralogia especial sobre os 200 anos de Independência do País. Anteriormente foram abordadas economia, cultura e sociedade e política

 22/12/2022 - Publicado há 1 ano

Fotomontagem com imagens de Freepik e Revista USP

Nas últimas décadas – poderia-se mesmo dizer nos últimos cem anos – a ciência e a tecnologia encontraram um desenvolvimento praticamente inédito na história da humanidade. Foram transformações que determinaram os caminhos que a sociedade global trilhou nos últimos tempos, mesmo em meio a guerras, recessões e pandemias – como a que se está, ainda, enfrentando. Os avanços são sensíveis. Mas ainda há muito a se conquistar – e também questionar. “As transformações científicas e tecnológicas que sacodem as economias e sociedades de países avançados e em desenvolvimento questionam práticas assentadas há muito, abrem um leque de questões que tocam na base da ciência, no modo como é produzida, em suas metodologias, alcance e relacionamento”, afirma Glauco Arbix, professor do Departamento de Sociologia da FFLCH/USP e organizador do dossiê “Ciência e Tecnologia” da nova edição da Revista USP. Este número 135 da publicação, editada pela Superintendência de Comunicação Social (SCS-USP), encerra a tetralogia especial idealizada em homenagem ao bicentenário da Independência do Brasil. Anteriormente foram publicados dossiês sobre Economia, Cultura e Sociedade e Política (leia mais sobre os números especiais da revista sobre o bicentenário no final deste texto).

Este dossiê sobre C&T aborda em seus oito artigos temas que, de várias formas, tangenciam e mesmo apontam diretamente para o papel da universidade no desenvolvimento científico e tecnológico de uma nação – no caso específico, o Brasil. Como bem afirma o jornalista Jurandir Renovato, editor da Revista USP, em seu editorial, “a ciência que se produz hoje no Brasil é fruto exclusivo do empenho da universidade”. E este empenho fica explícito em cada um dos artigos da revista, como “Inovação, ciência e os lugares da universidade”, de Guilherme Ary Plonski,  professor da FEA-USP e diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP; “Desafios de uma universidade de pesquisa e sua relação com a ciência brasileira”, de José Eduardo Krieger,  professor de Genética e Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da USP; ou “Financiando a ciência e a infraestrutura de pesquisa em tempos de crise”, de Fernanda De Negri, coordenadora do Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Glauco Arbix – Foto: Marcos Santos / USP Imagens

A estes textos juntam-se ainda reflexões essenciais, como aquela feita sobre questões do clima e sustentabilidade, pelo professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP; sobre governança e prioridades da ciência brasileira, do professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Unicamp Sergio Salles-Filho; e aquela que traça um importante painel sobre o desenvolvimento da ciência no Brasil nos últimos 200 anos e seus impactos sociais, de autoria de Hernan Chaimovich, Professor Emérito do Instituto de Química da USP, e Paulo Alves Porto, também do IQ-USP.

O fio condutor dos textos do dossiê, além do destacado papel da academia, é o desafio de fazer ciência de excelência no País, como vencer esse desafio e como oferecer resultados que revertam para os vários espectros da sociedade.

Nesse sentido, a visão de Glauco Arbix é clara: “A explosão atual de conhecimento, que ocorre e é percebida de modo profundamente desigual entre os países, está apenas em seu início. Mesmo com as dificuldades inerentes ao atraso brasileiro, a ciência e tecnologia (C&T) que se articulam globalmente apontam para a construção de um novo patamar de geração de conhecimento”, afirma ele na apresentação do dossiê.

Além do dossiê sobre Ciência e Tecnologia, o número 135 da Revista USP traz ainda as seções Textos, Arte e Livros . Leia a nova edição da Revista USP aqui

Quatro formas de pensar e interpretar 200 anos de Brasil

Este novo número da Revista USP sobre Ciência e Tecnologia encerra uma tetralogia iniciada no começo deste ano, pensada e organizada pela SCS-USP justamente para se refletir a respeito dos 200 anos de Independência do Brasil em seus mais diversos aspectos. O número inaugural da série, a revista 132, trouxe um dossiê sobre a economia no País nos últimos dois séculos – principalmente nos seus primeiros cem anos de existência, como País independente –, e foi organizado pelo professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP) Hélio Nogueira da Cruz. O número seguinte dedicou-se a refletir sobre Cultura e Sociedade no Brasil dos últimos 200 anos e seus aspectos mais relevantes para a formação de uma identidade nacional. Esse dossiê foi organizado pela socióloga e professora Maria Arminda do Nascimento Arruda, ex-diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP) e atual vice-reitora da Universidade. Já o dossiê dedicado a compreender e explicar a Política no Brasil nos últimos dois séculos – uma tarefa por si só já desafiadora –, na Revista USP 134, ficou a cargo do professor e cientista político José Álvaro Moisés, do Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA-USP).


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