O protocolo de tratamento recomendado para os pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) pode ser alterado na nova versão. O Sistema Único de Saúde (SUS) indica a prescrição da monoterapia. Contudo, a revisão dos procedimentos clínicos sugere a utilização de terapia combinada desde o início dos casos da doença para melhorar a condição do paciente e reduzir a gravidade da doença.
A distinção entre os protocolos do Estado de São Paulo e do restante do País é motivo de reflexão dos especialistas. Enquanto o Brasil propõe a ingestão de um remédio, os médicos paulistas podem seguir a combinação de medicamentos. Para Rogério de Souza, professor de Pneumologia da Faculdade de Medicina da USP e pneumologista do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas, a implementação de diretrizes clínicas nacionais permite “otimizar recursos, tratar um número maior de pacientes e disponibilizar nacionalmente o remédio”.
A regionalização da terapia combinada de uma doença que atinge pessoas de todo o Brasil, dependentes do SUS, impede o acesso ao tratamento: “É uma dificuldade enorme para os pacientes de fora do Estado de São Paulo conseguirem medicação e o protocolo que está sendo revisto é, justamente, com vias a se tentar implantar terapia combinada de primeira linha para todo o País”, elabora o professor.
Atenção para o diagnóstico
A HAP diferencia-se da hipertensão, popularmente conhecida como “pressão alta”. Souza compara: “Os vasos do corpo estão mais fechados e, com isso, o coração tem que fazer mais força para o sangue passar por ele. Isso é a pressão alta que a gente está acostumado. A hipertensão arterial pulmonar é exatamente a mesma coisa, só que nos vasos do pulmão”. Diante do estreitamento dos vasos, o ventrículo direito é sobrecarregado com a necessidade de suprir o sangue venoso no sistema respiratório.
Rara e grave, a Hipertensão Arterial Pulmonar desafia a medicina, com sintomas pouco detectados e alta taxa de mortalidade. “Na verdade, os sinais (da HAP) são muito inespecíficos e é isso que faz com que a doença demore para ser diagnosticada”, sinaliza o professor. Dada a gravidade, ela requer uma combinação mais agressiva de medicamentos, de modo que atuem especificamente nos pulmões, “pelo menos com terapia dupla combinada. Ou seja, dois remédios que você toma por via oral”, elucida ele.
O professor recomenda a procura por clínicos quando houver a sensação de limitação ou de falta de ar durante as atividades: “A hipertensão pulmonar não é a principal causa (de falta de ar), a gente tem causas muito mais frequentes. Mas também é preciso diagnosticar essas causas para tratar adequadamente”.
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