Identificada nova variante do HIV mais transmissível e agressiva

Para o infectologista Ricardo Vasconcelos, a dificuldade é fazer as pessoas com HIV se testarem e enfrentarem toda a discriminação e sorofobia que existem no mundo e continuarem vinculadas ao tratamento

 08/03/2022 - Publicado há 2 anos
Por
Hoje em dia, 38 milhões de pessoas vivem com HIV: desse total, 28 milhões estão em tratamento antirretroviral – Foto: Wikimedia Commons
Logo da Rádio USP

Pesquisa divulgada pela Universidade de Oxford mostrou que uma variante do HIV, identificada como VB, encontrada em pacientes da Holanda, é mais transmissível e prejudicial à saúde. Uma pessoa morre por minuto no mundo por HIV, segundo a Unaids ( programa das Nações Unidas criado em 1996, cuja função é a de criar soluções e ajudar nações no combate à Aids).

De acordo com Ricardo Vasconcelos, médico infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, isso ocorre porque “o HIV sofreu mutações em seu material genético original e essas mutações, que são mais de 300, modificaram de alguma forma as proteínas que o vírus usa para se replicar. A mudança permitiu que ele se tornasse mais ágil, possibilitando, ao infectar uma pessoa, atingir cargas virais mais altas e fazer mais cópias de HIV no organismo. Isso faz com que a doença tenha uma progressão mais rápida que o habitual. Quanto maior a carga viral, maior a transmissibilidade dessa pessoa”. Ainda não há informações se essa variante chegou ao Brasil, mas já foi possível verificar que, apesar de sua agressividade, ela responde bem aos tratamentos atualmente existentes.        

Ricardo Vasconcelos, infectologista do HC – Foto: FM         

Hoje em dia, 38 milhões de pessoas vivem com HIV: desse total, 28 milhões estão em tratamento antirretroviral.  Desde a década de 90, os retrovirais são utilizados, além de novos medicamentos, no tratamento. Para o infectologista, conter a doença não é tão difícil, mas conseguir diagnosticar todo mundo e conter a epidemia é mais complicado. “A dificuldade é fazer as pessoas com HIV se testarem e enfrentarem toda a discriminação e sorofobia que existem no mundo e continuarem vinculadas ao tratamento, ao Serviço de Saúde, às consultas, aos exames. Essa é a dificuldade. Quando a pessoa consegue passar por todas essas etapas, não tem dificuldade.”

O infectologista se arrisca a dizer que “discriminação, preconceito, homo e transfobia, desigualdade social e machismo causam muito mais obstáculos para a gente controlar a pandemia de HIV do que uma variante genética, porque todos os métodos de prevenção, diagnósticos e tratamento para o HIV que já existem, disponíveis, funcionam para essa variante, basta a gente conseguir colocar em prática”. Segundo a Unaids, estima-se que 79 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus, que ainda não tem vacina, nem cura. Desde o início da pandemia, cerca de 36 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas à Aids e um milhão e meio foram recém-infectadas  pelo HIV em 2020. 

 


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 

 

 

 

 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.