Uma gestão sólida garante as atividades-fim da Universidade

Por Carlos Alberto Montanari, professor do Instituto de Química de São Carlos da USP, Patrícia Constante Jaime, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP, e Ricardo Ricci Uvinha, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP

 27/09/2023 - Publicado há 7 meses
Carlos Alberto Montanari – Foto: Arquivo pessoal
Patrícia Constante Jaime – Foto: Arquivo pessoal
Ricardo Ricci Uvinha – Foto: Researchgate

 

Os princípios da gestão acadêmica observados nas manifestações das diferentes unidades da USP pautam-se em processos racionais com o estabelecimento de metas, avaliação e análise moderna das características de centralização ou descentralização. Ou seja, é observável o princípio de que a participação das pessoas em todos os setores acadêmicos dá-lhes autoridade sobre suas responsabilidades. Portanto, há explícito pressuposto de que, institucionalmente, todos estejam comprometidos com um conjunto padrão de regras.

Há uma percepção generalizada de que a USP, que tem muita aspiração de atingir seus objetivos com eficiência, está imbuída de uma gestão sólida. Verificou-se, sobremaneira, que o eixo “gestão” recebeu um grande destaque nos projetos acadêmicos das unidades. Enfatiza-se nos relatórios que a ação coordenada entre departamentos, comissões, órgãos de apoio acadêmico, entre outros, garante a realização das atividades-fim das unidades.

Por vezes, o tema é tratado nos relatórios apresentados com a identificação de “engajamento institucional”, com particularidades e funções específicas que demandam o permanente engajamento dos professores nas unidades. Isso implica a participação contínua de seu corpo docente como membro, ou mais ainda como presidente e vice-presidente em Conselhos Deliberativos, Câmaras Científicas, Comissão de Graduação e Pós-Graduação, Comissão de Relações Internacionais, Comissão de Serviços de Apoio, Comissão de Apoio Administrativo-Financeiro, dentre outros. Comumente, aponta-se para a necessidade de recomposição e expansão do quadro docente e de servidores técnicos e administrativos e a promoção de uma política de incentivo à participação nos cargos de gestão da unidade.

No âmbito das metas, em termos de gestão, é possível verificar o intuito de incentivar a participação de representantes docentes e discentes nas diversas instâncias de governança das unidades. Remete-se que a participação nas instâncias decisórias deve ser avaliada como tão capital quanto às demais atividades de cunho estritamente acadêmico.

É possível verificar que a gestão administrativa das unidades segue as diretrizes regimentais da USP, com reclamo, em diversos casos, da adoção de um modelo de gestão compartilhada e participativa com todos os departamentos da unidade. Há disposição explícita de que seja amplamente discutida desde seu planejamento e execução, principalmente em reuniões do Conselho Técnico-Administrativo, Congregação e comissões assessoras. Ressalta-se ainda a busca por uma contribuição efetiva de discentes, docentes e funcionários e colegiados quanto à tomada de decisões de maior acuidade.

Em uma universidade reconhecidamente dedicada à pesquisa, com amplo espectro de ação dedicada ao ensino em seus diferentes níveis (que incluem a graduação e a pós-graduação, com visão clara de promover resiliência social), o comportamento e desempenho acadêmico são conhecidos. Entretanto, por ocasião do advento da pandemia por covid-19, os relatórios das unidades identificaram em geral que alunos, funcionários e professores se reinventaram em novas ações que permitiram à USP manter sua gestão dentro dos eixos comuns de sua natureza.

A USP demonstrou, assim, ser uma instituição única onde todas as suas unidades e órgãos centrais trabalham em coesão para enfrentar os mais diferentes desafios econômicos, sociais e ambientais da globalização, sem perder de vista sua principal atividade-fim na formação de alunos e profissionais aptos ao enfrentamento do século 21. Graças à sua gestão aberta e eficiente, as atividades foram realizadas sob a égide de uma pressão crescente para atender às demandas de ambientes de trabalho complexos e dinâmicos, fazendo com que a USP fosse alavancada para índices globais de eficiência e reputação em patamares não antes vistos.

Para que isso fosse alcançado, houve necessidade de gerenciar dados e fluxo de informação com conhecimento na era da internet que, entretanto, não foram uniformes em todas as suas unidades. No âmbito da sua gestão, observaram-se melhorias nas habilidades humanas, como empatia e comunicação, pensamento crítico com aptidões para a apresentação de soluções aos desafios impostos que avançaram da pandemia para grave crise financeira que impactou na retenção de docentes e funcionários, bem como na atração de novos talentos. A integração em um paradigma de aprendizagem coeso – pluridisciplinar, com base em desafios do mundo real, permitiu identificar desafios como o excesso de burocracia que ainda está em perspectiva de desenhar soluções que levem à maior produtividade e eficiência acadêmica.

A chave para o desenvolvimento sustentável que tem esbarrado em certa ineficiência temporal, está no poder inovador da USP em orientar para a concepção de transversalidade, que é observada em várias unidades em que há claro intercâmbio entre graduação e pós-graduação. A factibilidade da transversalidade está inserida no contexto da Indústria 4.0, digitalização e economia circular (oposta ao conceito clássico de economia finita do faça-use-descarte). Esses elementos irão alterar fundamentalmente a maneira como nossa visão precisa ser modificada para incluir uma gestão sustentável aplicável já por vislumbrar a possibilidade de estar disponível na próxima década.

A gestão institucional não tem relegado ao descaso a participação de seus alunos, funcionários e docentes no quarto eixo arquetípico da USP, que é a gestão acadêmica. A importância da participação em colegiados e comissões tem sido desenhada em todas as unidades da USP com o pleno desejo de propiciar-lhes envolvimento em um pensamento crítico de alto nível para assim criar independência na tomada de decisão. O incentivo para maior participação nesse eixo tem ocorrido por criação de um sentimento de pertencimento entre todos os membros da unidade com o objetivo precípuo de fortalecer os vínculos institucionais e torná-los mais coesos.

________________
(As opiniões expressas nos artigos publicados no Jornal da USP são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem opiniões do veículo nem posições institucionais da Universidade de São Paulo. Acesse aqui nossos parâmetros editoriais para artigos de opinião.)


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.