Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto: um sonho possível de gestão e liderança horizontal

Por Hugo Tourinho Filho, professor da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto da USP, e Maria Josefina Mazza Lepri Morandin, IMO/Brasil

 19/12/2023 - Publicado há 4 meses
Hugo Tourinho Filho – Foto: Arquivo Pessoal

 

Maria Josefina Mazza Lepri Morandin – Foto: Arquivo pessoal/Linkedin
A Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP foi criada em reunião do Conselho Universitário por meio da Resolução nº 5.420, de 14/11/2007 publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) em 22 de novembro de 2007.

Estando entre as mais novas Unidades da Universidade de São Paulo, a EEFERP iniciou suas atividades acadêmicas e administrativas em 2009, quando ingressou a primeira turma de graduandos e, em 2024, a caçula do Campus de Ribeirão Preto completará 15 anos.

Em uma perspectiva global, o curso de bacharelado em Educação Física oferecido pela EEFERP visa formar um profissional com atuação multifacetada e orientada por conhecimentos científico, sociocultural e técnicos sólidos, que lhe permitam atuar profissional e academicamente de forma honesta, integrada, crítica, criativa e produtiva, mantendo-se atualizado e realizando suas intervenções de maneira holística às diferentes manifestações da área de Educação Física e Esporte.

Em 2015, a Capes aprovou o Programa de Pós-Graduação em Educação Física e Esporte, nível mestrado, e, em 2023, a EEFERP também teve aprovado o seu Programa de Doutorado. Em seus quase 15 anos de funcionamento, a Escola formou 513 profissionais de educação física, 78 especialistas, 77 mestres, 12 pós-doutores e conta, atualmente, com 265 graduandos, 60 mestrandos e 5 pós-doutorandos.

A Unidade vem consolidando seu espaço, tanto no cenário nacional como no internacional, por meio do engajamento de todos os seus 19 docentes com o ensino, a pesquisa, a extensão e a articulação de cada um com as necessidades e tendências atuais da área.

Esse fato é comprovado pelas publicações em periódicos de alto impacto, pelo aumento na captação de recursos financeiros, na obtenção de bolsas produtividade do CNPq, nos intercâmbios, nas parcerias internacionais, na manutenção de Grupos de Pesquisa certificados pelo CNPq e na atuação dos pesquisadores enquanto editores e revisores de renomados periódicos científicos nacionais e internacionais.

A consolidação do ensino de graduação, por sua vez, encontra ressonâncias objetivas nos resultados das avaliações externas, como, por exemplo, do Conselho Estadual de Educação, que renovou o reconhecimento do curso por mais cinco anos, e nas avaliações realizadas por órgãos externos que desde a fundação da EEFERP vem atribuindo o número máximo de cinco estrelas à nossa Escola.

Houve uma época em que os problemas e desafios da EEFERP eram discutidos ao redor de uma pequena mesa, com pouco mais de cinco professores na Casa 1 – o “ninho” da EEFERP – onde tudo começou.

No entanto, é inegável que o crescimento alcançado por nossa Unidade traz novos desafios, pois a mesa da Casa 1, onde tudo era discutido inicialmente, ficou pequena para acomodar a chegada de novos membros para a comunidade da EEFERP. Essa cresceu, e, com sua expansão, emergiu a necessidade de novas discussões para que os avanços alcançados até então pudessem ter continuidade e propiciassem um ambiente que oportunizasse o crescimento de todos.

O desafio agora é que, para os próximos anos, a EEFERP continue trilhando o caminho deixado pelas gestões anteriores, a fim de que possa gerar e viabilizar resultados ainda mais profícuos no desenvolvimento da pesquisa, do ensino e na melhoria da qualidade de vida da população, com reconhecimento no Brasil e no exterior.

Dentro deste espírito que nos move hoje, desde 2022 a Unidade vem discutindo e implantando junto ao seu corpo técnico-administrativo um modelo de gestão denominado Gestão/Liderança Horizontal que tem sua base apoiada em uma metodologia desenvolvida pelo sociólogo holandês, Adriaan Bekman, do IMO (Instituut Voor Mens & Organisatieontwikkeling).

A metodologia que propõe a Gestão/Liderança Horizontal apoia profissionalmente o desenvolvimento de organizações por meio de processos de desenvolvimento de liderança horizontal e gestão humanizada, com valorização dos recursos humanos. A fim de que se concretize esta valorização de seu quadro funcional é fundamental, dentro desta metodologia, a criação das UGBs (Unidades de Gestão Básica) – responsáveis pela tomada de iniciativa na solução de problemas a partir da experiência do próprio funcionário, que tem a liberdade de sugerir mudanças para facilitar a execução das atividades e rotinas administrativas –, formação de equipes autônomas com capacidade de tomada de decisão.

Com isto, não se joga por terra a estrutura vertical da Unidade (Direção, Assistências, Comissões Estatutárias…), pois ela é fundamental para que o processo de Gestão/liderança horizontal se viabilize. A Gestão/Liderança Horizontal contempla os dois eixos: horizontal e o vertical. No eixo Horizontal está a Liderança, caracterizada por criar sentido e dar espaço para em diálogo com a equipe criar acordo. Já no eixo Vertical temos a importância do gerenciamento, do cumprimento de metas, controles, prazos e resultados.

Neste novo conceito de estrutura organizacional, a EEFERP está dividida em quatro grupos e seis equipes (UGBs) que no momento passam por um treinamento para mapear os gargalos nos processos administrativos em seus setores e buscar em conjunto, soluções e projetos para aperfeiçoar a rotina de serviços, impedindo, desta forma, que tais problemas se perpetuem. Identificados e superados os gargalos/problemas, a estrutura vertical passa a ser fundamental para implantar os projetos e soluções propostos pelas UGBs. Parece algo óbvio que os problemas sejam resolvidos por quem passa por eles, mas numa estrutura vertical onde pode haver falhas na comunicação nem sempre isto é exequível.

Na estrutura organizacional baseada na horizontalidade, além de ser obtido soluções novas para velhos problemas, é possível se identificar diminuição de custos e algo ainda mais importante e difícil de se medir – o sentimento de pertencimento que todos passam a experimentar quando se tem a possibilidade de serem ouvidos e, dessa forma, se sentirem parte de todo o processo – valor intangível.

Dentro deste novo modelo de estrutura organizacional, passamos a nos comportar como um verdadeiro time que tem metas e ações em comum e como objetivo principal o crescimento da Unidade dentro de um ambiente acolhedor e saudável para se conviver e trabalhar.

________________
(As opiniões expressas nos artigos publicados no Jornal da USP são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem opiniões do veículo nem posições institucionais da Universidade de São Paulo. Acesse aqui nossos parâmetros editoriais para artigos de opinião.)


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.