Gibi e cartilha alertam para os riscos à saúde da pele dos pescadores

Produção de material contou com a ajuda de pesquisador da USP em Ribeirão Preto

 27/11/2017 - Publicado há 6 anos
Fred Bernardes Filho na Colônia de Pescadores Z13 – Forte de Copacabana/RJ – Fred Bernardes Filho

Com o verão chegando, redobram os cuidados com excessos de exposição ao sol e a prevenção do câncer mais frequente no País: o de pele. Para algumas profissões, como os pescadores, esse cuidado deve se manter redobrado durante todo o ano.  Por isso, a USP em Ribeirão Preto se uniu a outras entidades para criar uma campanha específica e materiais com orientações, não só contra câncer, mas para outros riscos dessa profissão. 

O resultado dessa parceria resultou em uma cartilha e um gibi produzidos pela agência Texto & Cia Comunicação de Ribeirão Preto, com ilustrações de José Carlos Fecuri. O projeto recebeu apoio da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Fundação Instituto de Pesca do Rio de Janeiro, Instituto Protetores da Pele, Instituto de Dermatologia Prof. Rubem David Azulay, Sociedade Brasileira de Dermatologia e das regionais Fluminense e do Rio de Janeiro, Academia Nacional de Medicina e Colégio Iberoamericano de Dermatologia.

O dermatologista Fred Bernardes Filho, pesquisador da FMRP e um dos responsáveis pelo trabalho, lembra que “o pescador demora a descobrir doenças que poderiam ser tratadas com diagnóstico precoce e que precisam de orientação sobre cuidados com pequenos machucados e feridas que não saram, pois o câncer de pele pode começar com uma simples ferida”. 

Gibi Histórias Verdadeiras de Pescador – Foto: Reprodução

Riscos em colônias de pesca

A cartilha e o gibi surgiram em resposta aos resultados de estudo realizado por Bernardes Filho com pescadores das colônias de pesca da Baía de Guanabara – comunidades do Rio de Janeiro, Niterói, Itaboraí, São Gonçalo, Magé e Guapimirim – e também da Colônia da Urca até o Pontal do Recreio.

Cartilha Saúde da Pele do Pescador – Foto: Reprodução

A pesquisa foi realizada entre 2014 e 2016 e mapeou os acidentes mais frequentes entre pescadores. Dos 388 entrevistados, somente 9,7% disseram usar filtro solar; 74,1% sofreram mais de dez acidentes durante a atividade pesqueira e 3,1% relataram antecedente de câncer de pele. “Todas as pessoas que participaram dessa pesquisa disseram que nunca receberam visita de médico para orientá-los no local que realizavam as pescas, por isso a ideia das publicações”, diz o médico. Outro fato que chamou a atenção do pesquisador foi a queixa constante dos pescadores por causa da poluição.

O sol pode ser benéfico para a saúde, já que desencadeia a produção da vitamina D após exposição aos raios UVB, por exemplo. Mas também pode ser vilão, uma vez que o excesso de exposição pode levar a manchas na pele e ao desenvolvimento de tumores de pele.

Distribuição do material

Os gibis e cartilhas foram distribuídos em junho deste ano, no Dia de São Pedro, 29 de junho, padroeiro dos pescadores. O evento ocorreu na Escola Cuba, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, local onde surgiu a primeira colônia de pesca do Brasil, em 1920.

Distribuição de cartilha educativa na Colônia de Pescadores de Copacabana – Fred Bernardes Filho

O material foi intencionalmente compartilhado também com os filhos dos pescadores, que, segundo o médico, podem se tornar multiplicadores das informações.

“Todos esses problemas podem ser minimizados com a educação em saúde dessas crianças, pois elas vivem a realidade da pesca”, explica o médico.  O trabalho e as publicações do pesquisador da USP em Ribeirão Preto foram premiados em julho pelo Instituto Protetores de Pele, sediado no Rio de Janeiro.

Com o gibi Histórias Verdadeiras de Pescador, a comunidade da pesca recebe orientações sobre os principais acidentes a que está exposta, entre eles, a ocorrência de manchas provocadas pelo sol, como buscar ajuda e evitar automedicação, muito comum entre eles. 

Além do gibi, a cartilha Saúde da Pele do Pescador fala sobre a necessidade da adoção de medidas corretas para preservar a saúde, como agir em caso de acidentes com animais aquáticos, materiais de pesca ou objetos perfurocortantes e também orienta os pescadores a procurar ajuda médica nos postos de saúde.

Mais informações: e-mail f9filho@gmail.com

Júlia Gracioli, de Ribeirão Preto


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