Frédéric Barbier, viajante erudito, amante dos livros e das bibliotecas

Marisa Midori presta sua homenagem ao historiador recentemente falecido, autor de obras sobre a história do livro e das bibliotecas

 09/06/2023 - Publicado há 11 meses     Atualizado: 13/06/2023 as 10:43

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Nesta edição de sua coluna, Marisa Midori lamenta o falecimento, no dia 28 de abril, aos 72 anos de idade, de Frédéric Barbier, historiador dos livros e das bibliotecas. Autor de uma obra vastíssima, diz Marisa, iniciou suas pesquisas com uma tese dedicada à história da editora Berger-Levrault, um verdadeiro império iniciado em Strasbourg, no século 17. Em sua tese de doutoramento, propôs uma análise comparativa da constituição do mercado editorial na Alemanha e na França no século 19. A pesquisa resultou em dois grossos volumes de um estudo inédito e marcado pela erudição. A partir daí, seus temas foram vastos, tanto quanto seus interesses pelo mundo e, particularmente, pelos livros e bibliotecas da Europa Central no Antigo Regime.

Barbier foi publicado no Brasil pela Edusp. “O leitor brasileiro poderá ter acesso à sua História das Bibliotecas e à Europa de Gutenberg. Este último título é particularmente excepcional, pois constitui um aprofundamento do projeto iniciado por Lucien Febvre e Henri-Jean Martin, em 1978, quando da publicação de O Aparecimento do Livro. Porém, Barbier vai mais longe, ao concentrar sua análise na invenção dos tipos móveis, observando a economia do livro nos séculos que antecedem à nova descoberta e nos seus efeitos imediatos após a invenção […] aliás, devo lembrar que a edição de O Aparecimento do Livro, da Edusp, é a mais completa que existe no mercado internacional. Ela tem o texto revisto por Barbier, além de ele ter contribuído com um estudo sobre o processo de construção do livro, o que faz por meio da correspondência trocada entre Febvre e Martin”, completa a colunista, antes de finalizar: “Seu conhecimento profundo da Europa e dos caminhos da Europa, somado ao seu espírito de camaradagem, me fazem pensar que Frédéric Barbier bem desempenhava o papel de um Erasmo de Roterdã, esse viajante erudito, amante dos livros e das bibliotecas, que palmilhou e conheceu em profundidade a sua velha Europa.
Saudades, Frédéric”.


Bibliomania
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