Blog

Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), confirmou que o futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2022, a COP 27, a partir do dia 14.

“O Brasil volta a ter protagonismo em relação às discussões ambientais internacionais. Essa participação é bastante emblemática e mostra que os países têm uma esperança muito grande de que os rumos das questões ambientais sejam muito diversos daqueles tomados nos últimos anos”, analisa Pedro Luiz Côrtes, titular da Escola de Comunicações e Artes da USP e do Instituto de Energia e Ambiente da USP.

Para o professor, existem diversos pontos importantes a serem levados em conta pelo próximo governo quanto às questões ambientais, mas haverá um avanço notável: “Eu acredito que mudanças, de fato, ocorrerão pelo menos em dois anos, mas, já em 2023, a taxa de desmatamento deverá ser reduzida”.

Obstáculos

Côrtes acredita que desafios difíceis serão enfrentados pelo futuro presidente, dentre eles, a necessidade de reconstruir o Ministério do Meio Ambiente, a articulação com a bancada ruralista, a regulamentação do mercado de créditos de carbono e outros: “Outra questão é a revisão de leis que foram aprovadas durante o período da chamada ‘porta aberta’, que realmente houve alguma liberalização e aprovação de leis que não são, necessariamente, voltadas para o meio ambiente, e sim causam prejuízos”, pontua o professor.

A questão da Amazônia também é importante e precisa ser enfrentada de forma diferente como foi e está sendo no governo atual, comenta Côrtes: “[É necessária] a articulação mais consistente e mudança radical no foco do desenvolvimento da Amazônia, privilegiando os projetos sustentáveis, ou seja, encarar a Amazônia de um ponto de vista muito mais moderno, e não dessa forma arcaica como ela vem sendo encarada ao longo dos últimos anos”.

Côrtes ainda analisa que é possível o crescimento da taxa de desmatamento nos últimos meses que restam do governo do atual presidente Jair Messias Bolsonaro. Ele ressalta que produção agrícola e desmatamento não andam juntos: “É possível combater o desmatamento e aumentar a produtividade de áreas já utilizadas de plantio. Não é algo a ser experimentado, na verdade, é uma prática a ser retomada”.

Expectativas

A presença do presidente Lula na COP 27 é importante para a imagem do País e traz uma perspectiva diferente da do atual governo. Porém, os recursos não são tão numerosos para realizar todas as mudanças esperadas: “A questão dos recursos é também um problema. Não tem recurso para tudo isso, para realizar o que precisa ser feito”, analisa Côrtes. Porém, ele dá o exemplo do combate ao comércio ilegal de madeira, o qual já vem sendo feito e é uma ação viável no momento.

A presença de Lula na conferência mostra o que se pode esperar dos próximos passos do futuro governante: “O primeiro compromisso internacional ‘oficial’ do Lula na COP mostra que o foco dele nas questões climáticas será muito forte”, destaca Côrtes.