As mulheres e o espaço urbano

Segundo Raquel Rolnik, pensar na questão do direito das mulheres à cidade neste momento é trazer à tona múltiplas camadas de exclusão e de desigualdade

 09/03/2023 - Publicado há 1 ano

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Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, sempre é bom saber como está a relação delas com o espaço urbano. Para Raquel Rolnik, que está reiniciando sua coluna após o período de recesso, pensar nessa questão do direito das mulheres à cidade neste momento é trazer à tona múltiplas camadas de exclusão e de desigualdade, as quais marcam de uma forma muito diferente a experiência concreta de vida de mulheres e homens no ambiente urbano. As mulheres têm uma série de cuidados a tomar antes de sair de casa. Mas não é só o medo de pegar um transporte superlotado por conta do assédio ou a apreensão de passar numa rua mal iluminada que preocupa e que interfere diretamente no ir e vir das mulheres no espaço urbano. “A forma como ela (cidade) está estruturada, ela está pensada a partir de um olhar masculino branco, que é exatamente quem historicamente deteve o poder de determinação da forma como se organiza a cidade à sua imagem e semelhança, ou seja, a partir das suas próprias necessidades, totalmente pensada na relação casa/trabalho e não na multiplicidade de percursos que a maior parte das mulheres tem que fazer.”

Outro problema, que não pode ser ignorado, é a questão da moradia na cidade, mais especificamente em relação às mulheres. Raquel Rolnik lembra que uma característica importante do Movimento dos Sem teto hoje são as lideranças femininas. Muitas delas estão à frente dos próprios movimentos e em diálogo com as políticas públicas. Dados da Fundação João Pinheiro dão conta de que 60% dos que vivem em condições inadequadas de moradia hoje são mulheres, “nós estamos falando de mais de 600 mil mulheres que estão ameaçadas de despejo neste país. Eu poderia até apostar nesse desastre que acabou de acontecer em São Sebastião e no Litoral Norte, como as mulheres foram desproporcionalmente atingidas e como há uma absoluta ausência de políticas para pensar essa questão a partir dessa perspectiva feminina e feminista”.


Cidade para Todos
A coluna Cidade para Todos, com a professora Raquel Rolnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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