Modelos generativos ainda estão longe da perfeição

“Tecnologia disruptiva nunca foi, não é, nem será do tipo Plug and Play (PnP), ela precisa amadurecer para convencer”, afirma Glauco Arbix em sua coluna

 Publicado: 07/05/2024

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Depois de um ano e meio após o lançamento público do ChatGPT e da competição entre grandes empresas para saber quem vai dominar essa tecnologia, os modelos generativos já estão integrados a várias plataformas capazes de gerar textos, imagens e sons semelhantes aos humanos, diz Glauco Arbix logo na abertura de sua coluna. Ele lembra, porém, que esses modelos entram agora em uma fase levemente distinta, “mais complicada, tanto do ponto de vista comercial quanto tecnológico”. A verdade, de acordo com o colunista, é de que esses modelos enfrentam enormes desafios para serem incorporados no mundo dos negócios.

Isso porque as  empresas chegaram à conclusão de que eles funcionam bem em algumas áreas, mas não em outras. “Os resultados que oferecem são imprecisos, apresentam graves problemas de segurança, têm problemas sérios com sistemas de propriedade intelectual, porque usam dados da internet e de livros sem pagar direitos; mais ainda: se utilizam de milhares de profissionais subpagos em dezenas de países, chamados de ‘trabalhadores fantasmas’, para treinar e corrigir dados, o que não é bom para a imagem pública de nenhuma grande corporação.”  Para Arbix, dificuldades desse tipo apenas mostram que a tecnologia tem muito a amadurecer, o que pode explicar a lentidão com que é incorporada nas estratégias empresariais. Ele cita o exemplo das Forças Armadas americanas para ilustrar o quanto ainda não se pode confiar completamente nesses modelos generativos.

Recentemente, o porta-voz da Marinha americana declarou que a IA generativa, apesar do potencial, possui enormes vulnerabilidades de segurança e não é recomendável para uso operacional, principalmente porque a tecnologia não é boa para lidar com eventos inesperados, eventos que não respondem a padrões; claro, uma situação muito comum em conflitos militares. Altas patentes do Pentágono disseram que é muito complicado compartilhar, coletar e combinar dados e deixar para a IA generativa tomar as decisões. “A prudência das Forças Armadas americanas apenas se soma à prudência do mundo empresarial com a IA generativa. Tecnologia disruptiva nunca foi,  não é, nem será do tipo Plug and Play (PnP), ela precisa amadurecer para convencer.”


Observatório da Inovação
A coluna Observatório da Inovação, com o professor Glauco Arbix, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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