Nesta edição do Pílula Farmacêutica, a acadêmica Amanda Pereira de Araujo, orientada pela professora Regina Andrade da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, fala sobre o Ozempic, um medicamento para diabete tipo 2, que atua na diminuição da glicemia em jejum, mas que vem sendo usado com fins estéticos. “Recentemente, algumas pesquisas estão mostrando o uso off label desse medicamento, ou seja, fora das indicações da bula, sendo usado para fins de emagrecimento”, adianta Amanda.
Segundo ela, o termo “cabeça de Ozempic” viralizou recentemente nas redes sociais por conta do suposto efeito colateral do medicamento, que acaba causando uma desproporcionalidade da cabeça do indivíduo em relação ao restante do corpo. “Isso ocorre, no entanto, por conta do uso indevido do medicamento apenas para fins de perda de peso e massa muscular, gerando um emagrecimento rápido demais”, informa.
Além disso, a acadêmica conta que o uso do Ozempic para fins estéticos, sem acompanhamento médico, pode causar complicações gastrointestinais e cardíacas, além de hipoglicemia e outros problemas seríssimos. “Os riscos do uso indevido do medicamento são perigosos para a saúde humana devido aos efeitos colaterais a longo prazo, incluindo o câncer de tireoide e a pancreatite”, explica.
Atualmente, a possibilidade da inclusão desse medicamento no combate à obesidade está sendo estudada. De acordo com Amanda, em um estudo feito pelo Centro Universitário Metropolitano da Amazônia analisando vários autores chegou-se à conclusão de que esse medicamento é, sim, eficaz para perda de peso, apresentando grandes resultados. No entanto, o emagrecimento acontece justamente por conta da semaglutida, que é o componente presente neste medicamento. “Para pacientes com diabete tipo 2, o emagrecimento poderá acontecer como um dos efeitos colaterais do uso do medicamento, não sendo esta sua função principal. Logo, são necessários mais estudos antes da liberação desse medicamento para outros fins que não sejam o tratamento da diabete tipo 2”, discorre a acadêmica. “É importante frisar que esse medicamento não deve ser usado para fins estéticos, mas sim para o tratamento do diabete tipo 2”, finaliza.
Coordenação: Rosemeire Talamone