Monumentos “polêmicos” de São Paulo são analisados em pesquisa da USP

Os monumentos históricos da cidade de São Paulo, que muitas vezes são vistos como um retrato fiel do passado, foram tema de um estudo realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP; Alguns são considerados racistas e colonialistas

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 16/02/2024 - Publicado há 3 meses
Novos Cientistas - USP
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Monumentos "polêmicos" de São Paulo são analisados em pesquisa da USP
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Na edição desta quinta-feira (15) do podcast Os Novos Cientistas, a entrevistada foi pesquisadora Thabata Dias Haynal. Ela é autora do estudo de mestrado intitulado “Por quais estátuas os sinos do nosso luto dobram?”: construindo o argumentário do dissenso em torno de monumentos racistas e colonialistas no Brasil, apresentado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Em seu estudo, Thabata investigou diferentes perspectivas da discussão sobre monumentos da cidade, quando manifestantes reivindicavam a derrubada de estátuas homenageando traficantes de escravos e colonialistas. “Os monumentos históricos fazem parte da paisagem urbana e do cotidiano das cidades. Eles estão por toda parte e muitas vezes são vistos como um retrato fiel do passado. Entretanto, essas obras não são isentas de contradições e materializam visões de mundo particulares dos artistas e do contexto no qual estão inseridas”, explicou a pesquisadora.

Para realizar sua pesquisa, Thabata analisou dez artigos de opinião publicados no jornal Folha de S.Paulo no mês de junho de 2020. Naquele período, o debate sobre monumentos estava em alta na sociedade. “O assassinato de George Floyd nos Estados Unidos, um homem negro que foi sufocado por um policial branco, gerou uma série de protestos antirracistas ao redor do mundo. Em alguns deles, manifestantes reivindicavam a remoção de estátuas de figuras relacionadas ao racismo e ao colonialismo”, contou Thabata, destacando que o fato que ganhou mais repercussão foi a derrubada da estátua de um traficante de escravizados em Bristol, na Inglaterra. Apesar de ser uma discussão recorrente, Thabata comenta que há poucos trabalhos acadêmicos sobre o tema. “Pareceu muito difícil achar material conectando os monumentos dos bandeirantes com as discussões sobre memória e argumentação. É um dos únicos trabalhos nesse caminho, que unifica as abordagens”, descreveu.

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