O Ambiente é o Meio está completando 18 anos no ar e recebe na edição desta semana o professor José Augusto de Oliveira, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), para falar sobre a gestão do ciclo de vida e técnicas de minimização do impacto do lítio no meio ambiente.
Oliveira é doutor em Engenharia de Produção pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP e desde 2016 estuda e pesquisa a área de engenharia e gestão do ciclo de vida de resíduos de equipamentos eletrônicos, como as baterias de íon-lítio, essenciais na atualidade. O professor informa que seus estudos focam especialmente a migração para a eletromobilidade e a substituição das matrizes energéticas fósseis por elétricas.
Segundo Oliveira, essas baterias são consideradas promissoras devido à sua alta densidade energética, segurança e eficiência em diversos contextos. Além dos famosos carros elétricos e híbridos, estão também em ônibus, caminhões e até mesmo aeronaves em desenvolvimento, como o Evtol, da Embraer. “Existe uma pressão muito grande sobre o setor aeronáutico em função da queima do combustível fóssil, o querosene, e portanto eles têm investido bastante nesses modelos”, conta.
O lítio, principal componente dessas baterias, é extraído principalmente por mineração em países como Bolívia, Equador, Colômbia e Brasil (notavelmente o Vale do Lítio), sendo importantes nesse cenário. No entanto, Oliveira alerta que a mineração gera impactos ambientais que demandam atenção.
Para lidar com esses desafios, o pesquisador se dedica à reciclagem e reutilização das baterias de íon-lítio, utilizando técnicas como a hidrometalurgia e biometalurgia para recuperar metais como o próprio lítio, além do cobalto e do níquel, de forma eficiente e ambientalmente responsável. “A literatura científica tem mostrado que a eficiência e a pureza dos metais obtidos, tal como o lítio, têm sido muito superiores às taxas de eficiência e pureza obtidas por mineração”, destaca.
A reciclagem e reutilização das baterias, de acordo com o especialista, evitam a extração mineral e o descarte inadequado. Além disso, complementa, essas práticas reduzem os impactos ambientais negativos e permitem o reaproveitamento de metais preciosos.
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