A mentira surge por diferentes razões. No podcast Minuto Saúde Mental desta semana, o professor João Paulo Machado de Sousa fala sobre mentir com frequência. Segundo ele, alguns quadros psiquiátricos podem estar relacionados com uma frequência maior de mentiras, como é o caso do transtorno de personalidade antissocial, por exemplo. Porém, o ato de mentir não é em si um sintoma.
“As pessoas que sofrem deste transtorno ignoram a distinção que a maior parte de nós faz entre certo e errado e tendem a usar mentiras frequentemente, inclusive por simples prazer”, declara o professor. Outro quadro em que as mentiras são comuns, adianta, é o transtorno de personalidade borderline. “Pessoas que sofrem deste transtorno também costumam ter relacionamentos conturbados com seus parceiros, familiares e amigos, e a mentira pode aparecer como tentativa de manipulação ou novamente de fuga da responsabilidade”, informa.
Além disso, transtornos por uso de substâncias como o álcool e outras drogas também são condições em que a mentira é usada com muita frequência, “seja para encobrir o uso da substância, para sustentar o vício ou para evitar as consequências sociais negativas de ser reconhecido como dependente”, acrescenta o professor.
Por último, Sousa cita um transtorno relativamente raro, chamado de transtorno factício, em que os pacientes costumam inventar sinais e sintomas de doenças das quais não sofrem realmente. “O costume de mentir não é necessariamente característica de um transtorno mental, mas pode ser compreendido como um sinal de que as coisas não vão bem, principalmente quando acompanhado de outros sintomas”, finaliza o professor.
Minuto Saúde Mental
Apresentação: João Paulo Machado de Sousa
Produção: João Paulo Machado de Sousa e Jaime Hallak
Coprodução e edição: Rádio USP Ribeirão
Coordenação: Rosemeire Talamone
Apoio: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa CNPq e Fapesp
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