Nesta primeira edição de 2024 (18 de janeiro) de Os Novos Cientistas, Roxane Ré e Antonio Carlos Quinto receberam a pesquisadora Fernanda Silva e Sousa. Ela á autora da tese de doutorado intitulada A terrível beleza cotidiana do negro drama: uma leitura com e contra o arquivo da escravidão dos diários de Lima Barreto e Carolina Maria de Jesus defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, sob a orientação do professor Marcos Piason Natali.
Na entrevista, Fernanda destacou que, mesmo escritos em épocas e realidades diferentes, é possível estabelecer uma conexão entre quatro diários escritos por Carolina Maria de Jesus e Lima Barreto por meio da música “Negro Drama”, dos Racionais MC’s. “Diário do Hospício” e “Diário Íntimo”, de Barreto, “Quarto de Despejo: diário de uma favelada” e “Casa de Alvenaria”, de Carolina, são livros que revelam uma experiência histórica em comum que se estende até o tempo presente.
“A pesquisa é uma busca por aproximar o rap da literatura, nesse gesto de tentar narrar a própria experiência nos seus próprios termos, ou seja, a partir dos seus sentidos e valores, nomeando aquela realidade há tanto tempo ocultada. Essa racialização desse drama se coloca na contramão do que havia até então no Brasil, um discurso muito embasado no mito da democracia racial, na mestiçagem. Quando os Racionais lançam ‘Negro Drama’ há uma racialização radical dessa experiência dizendo: existe um drama específico vivido pela população negra”, explicou a pesquisadora.
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