Insulina semanal pode trazer conforto a pacientes diabéticos num futuro próximo

Cem anos após o primeiro uso de insulina no tratamento do diabete, novidade substituiria dose diária, na visão de Maria Elisabeth Rossi da Silva

 12/12/2022 - Publicado há 1 ano
Os resultados apresentados pela tecnologia têm atuação semelhante ou até mesmo superior à insulina diária – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
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O metabolismo humano controla variadas funções, inclusive a regulação da taxa de glicose (glicemia) no sangue. No corpo humano, o hormônio com essa função é a insulina. A escassez ou deficiência na atuação da insulina resulta em diabetes mellitus, uma doença que atinge 16,8 milhões de brasileiros, segundo o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF).

Como tratamento, os pacientes são indicados a aplicar uma dose diária de insulina e, em alguns casos, uma dose extra. Contudo, o futuro do tratamento da doença é promissor, uma vez que está sendo desenvolvida uma insulina basal. “Temos hoje insulinas que a gente chama de  insulina basal, que mantém um nível constante de insulina durante todo o dia, mas essa insulina dura 24 horas. Então, o paciente tem que aplicá-la todos os dias, e a semanal vai trazer esse conforto”, esclarece Maria Elisabeth Rossi da Silva, chefe da Unidade de Diabetes do Serviço de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Para o paciente do tipo 1 da diabetes mellitus, caracterizada pela origem autoimune – as células de defesa do corpo atacam o pâncreas, responsável pela produção da insulina –, “a insulina basal vai dar tranquilidade para o paciente, mas ele vai ter que continuar utilizando a [insulina] rápida nas refeições”, explica. No caso do tipo 2, presente em 90% dos diabéticos, a síndrome está relacionada ao envelhecimento das células do pâncreas, que podem diminuir a produção da insulina. “O paciente com diabete tipo 2 realmente vai se beneficiar e vai poder fazer o uso apenas dessa aplicação injetável uma vez por semana”, diz ela.

A novidade ainda está na fase três de pesquisa: “É uma confirmação da padronização da insulina [basal] e uma confirmação de que ela traz benefícios”, elabora Maria. Os resultados apresentados pela tecnologia têm atuação semelhante ou até mesmo superior à insulina diária, conta ela. A previsão de chegada ao mercado é até 2024.

Como se prevenir?

Assim como uma vasta gama de doenças, o diabete também tem três principais causas a serem pontuadas. A primeira delas é o aspecto genético: “Alguns genes favorecem o aparecimento do diabete, mas talvez o mais importante não seja isso”, avalia Maria Elizabeth. Ela se refere aos outros dois fatores que favorecem o surgimento da doença, a obesidade e o sedentarismo.

Em comparação com 2006, a atual população obesa no Brasil dobrou em frequência, afirma ela: “Nós tínhamos 11% da população com obesidade [em 2006] e hoje nós temos 22%”. A relação direta deste dado com a porcentagem de diabéticos também é uma questão de preocupação. Quinze anos atrás, “tínhamos 5,3% da população com diabete e hoje nós temos quase 10%”.

Por sua vez, a prática de atividades físicas reduz a glicemia. Em altos níveis, a taxa de glicose no sangue pode levar a complicações na saúde, adverte. “O paciente com diabete tem o risco maior de hipertensão, doença cardíaca, angina, infarto, acidente vascular cerebral ou de doença renal e alguns pacientes podem até progredir para diálise”, exemplifica.

Para uma boa qualidade de vida, Maria sugere atividades físicas, o controle da taxa de glicose e cuidado com os níveis de lipídios, como colesterol e triglicérides. “E essa insulina nova que vai ajudar no controle. Mas, para a prevenção, o que nós temos de mais forte ainda é aquilo da atividade física e exercício”, conclui.


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