Pandemia exige orçamento de guerra das famílias

Rodrigo De Losso recomenda que os endividados reduzam drasticamente o consumo e cancelem serviços não essenciais

 29/05/2020 - Publicado há 4 anos
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A inadimplência das famílias brasileiras subiu para 10,6% e atingiu o maior índice para o mês de maio desde 2010, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Sendo uma das consequências da pandemia do novo coronavírus, nessas horas é preciso mitigar os gastos, focando apenas no que for necessário. Ao Jornal da USP no Ar , Rodrigo De Losso, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, explica que a crise tem levado muitas famílias a um “orçamento de guerra”.

Antes de tudo, o economista destaca que uma reserva financeira emergencial para três meses não é a realidade de grande parte das famílias do Brasil, que se endividam com mais frequência. Para o professor, a primeira providência a ser tomada é reduzir drasticamente o consumo, pois a taxa de juros continua alta neste período. Ele também recomenda considerar a análise e cancelamento de assinaturas, por exemplo, de TV a cabo e serviços de streaming.

“Algumas pessoas conseguem se reinventar e buscam outras fontes de renda via internet, vendendo produtos ou serviços através de aplicativos. São medidas que ajudam a reduzir os efeitos do confinamento, embora não sejam suficientes para todo mundo”, explica Losso, que também é coordenador do Serviço de Orientação Financeira (SOF) da FEA. Outra estratégia para reduzir as dívidas é negociá-las diretamente com os credores, para redução da taxa de juros do cartão de crédito e também pedindo mais prazo para pagamento.

Segundo o professor, paralelo a isso, se a pessoa endividada for pular de uma dívida para outra, uma solução é usar as fintechs (bancos digitais) que possuem taxas de juros mais acessíveis, até que o ritmo econômico ganhe fôlego novamente. “A gente imagina que, no segundo semestre, as coisas vão se normalizar até o fim do ano. Mas não sabemos quando isso vai acontecer”, pondera Rodrigo De Losso. Vários Estados, como São Paulo, já estão retomando gradualmente a economia, mesmo com aumento de 25 mil casos confirmados e registro de mais de mil mortes por dia no Brasil. 

“Quando a gente sair da crise [pandêmica] não vamos estar em normalidade. Estaremos em recessão, muita gente desempregada, drástica redução da renda das pessoas, que aumentará suas dívidas  e negócios ‘quebrados’. O resultado disso vai ser triste”, analisa De Losso.

Ouça a entrevista completa no player acima.


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