Conservadorismo bancário influencia taxa de juros

Especialista explica os inúmeros fatores relacionados às taxas altas praticadas no País

 27/04/2018 - Publicado há 6 anos

jorusp

Segundo estudo realizado por um banco suíço atuante no Brasil, os juros dos bancos não acompanham o recuo da inadimplência. De acordo com a pesquisa, a taxa de juros deveria ser de 37,6% ao ano, quando, na realidade, o valor é de 57,7%. Márcio Issao Nakane, professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, falou sobre o nível elevado das taxas de juros.

Na opinião do professor, o banco suíço errou ao elaborar o estudo. Isso porque a simulação é feita com base nas taxas que vão até 2014 e o cenário foi imaginado entre 2015 e 2017. Segundo ele, nesse período de três anos, a taxa Selic e a taxa de empréstimo continuaram aumentando. Portanto, se o trabalho tinha a intenção de falar sobre os dias atuais, deveria ter feito a simulação a partir do momento em que a Selic começou a cair, o que aconteceu a partir de outubro de 2016. Entretanto, para o especialista, ainda que o banco tenha errado na comparação, acerta em classificar a taxa de 57,7%  muito alta.

Foto: Tumisu via Pixabay – CC

Ele explica os inúmeros fatores que estão relacionados a esse alto valor: inadimplência, a questão regulatória, os custos administrativos no Brasil, que são muito altos para os bancos, e também o conservadorismo desse setor. Essa característica  gera um sistema bancário muito sólido do ponto de vista financeiro, mas, em contrapartida, os bancos se arriscam pouco. O fato de poucos bancos dominarem esse mercado também dificulta. Além disso, a conjuntura política atual também tem efeito negativo. Contudo, o professor ressalta que a redução dos juros está acontecendo, só que de forma lenta.

Para Nakane, é necessário ter ações de todos lados: do Banco Central, do governo, dos bancos, dos consumidores, etc. Ele ressalta a importância de inovações nesse mercado, pois os momentos onde foram observadas reduções de taxas de crédito estão relacionados a novidades, como crédito consignado e o financiamento de automóveis. Segundo o economista, isso sinaliza a importância de se ter boas garantias com taxas baixas.

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