Covid-19 pode deixar sequelas que vão além do sistema respiratório

Segundo Álvaro Furtado, as complicações em órgãos além do pulmão indicam que doença causada pelo coronavírus é sistêmica

 19/05/2020 - Publicado há 4 anos
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Especialistas têm dito que a síndrome respiratória grave causada pelo novo coronavírus seria uma doença sistêmica. Mas o que se sabe sobre como ela ataca o organismo? Ela pode deixar sequelas, além das respiratórias? O professor Álvaro Furtado, infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) e médico do Centro de Referência e Treinamento de DST e Aids do HC, explica ao Jornal da USP no Ar que pelos estudos feitos, até o momento, vê-se que é uma doença multissistêmica, ou seja, acomete além do trato respiratório. “O grande desafio é a construção de conhecimento sobre essa doença, porque temos muitas dúvidas ainda. E tudo tem de ser feito rapidamente, enquanto cuidamos dos pacientes e lidamos com a sobrecarga nos hospitais”, explica ele.

Assim como outros vírus, o coronavírus pode acometer o miocárdio, causando uma inflamação do coração e, secundariamente, ter uma repercussão cardiovascular. “Temos visto que um dos grandes fatores da evolução para formas graves são problemas cardíacos prévios, por exemplo. Mesmo em pessoas abaixo dos 40 anos, se há uma doença de base, como a obesidade, que é uma síndrome metabólica, ou hipertensão, diabete, esses são os grandes fatores de risco dessa idade”, alerta o professor Furtado. 

Apesar de ser dito que os primeiros sintomas parecem de uma gripe comum, segundo o infectologista, os casos mais graves da doença podem gerar uma pneumonia grave, com acometimento das vias aéreas inferiores e prejuízo na troca gasosa. “Em alguns dos pacientes, pode ser necessária a intubação orotraqueal, por exemplo. A gente tem feito um manejo clínico, sempre baseado em estudos e evidências, para que na linha de frente, na enfermaria e nas UTIs, se consiga aplicar esses conhecimentos”, comenta Furtado.

Sobre os medicamentos, ele explica que há muitos sendo estudados, mas que só se pode aplicar em larga escala após evidências científicas robustas. Ainda não há um tratamento padrão, mas, sim, uma individualização do tratamento, junto à assistência e à terapia intensiva. “Há um furor para que um remédio chegue, mas, no momento, não há evidências, com peso científico suficiente, para colocar uma droga em um protocolo para o tratamento da covid-19”, completa.

Ouça a íntegra da entrevista no link.


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