Workshop celebra 22 anos do Projeto Genoma e debate cenários futuros na área de genômica

Nos dias 21 e 22 de novembro, workshop vai relembrar realizações do passado e debater cenários atuais e futuros nas áreas de genômica de patógenos, genômica do câncer e genômica agroambiental

 01/11/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 04/11/2022 as 10:06
Montagem feita a partir de trecho do mapa da Xylella publicado em 13 de julho de 2000- Foto: Nature/Agência Fapesp

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Há 22 anos a reportagem de capa da revista Nature trazia os resultados do primeiro projeto de sequenciamento genômico da bactéria Xylella fastidiosa, agente etiológico da clorose variegada dos citros (CVC), mais conhecida como amarelinho, que na época causava grandes prejuízos aos citricultores paulistas. A empreitada, conduzida pela rede Onsa (do inglês, Organização Virtual para Sequenciamento de Nucleotídeos), que reuniu 191 pesquisadores de 33 laboratórios no Estado de São Paulo, inaugurou o Projeto Genoma Fapesp e qualificou recursos humanos para a pesquisa em genética molecular no País.

“A genômica no Brasil nasceu na Fapesp”, afirma Marco Antonio Zago, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que, na época, liderava o Laboratório de Hematologia Molecular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, um dos que integraram a rede do projeto. “O sequenciamento completo do genoma da Xylella fastidiosa foi um ato heroico para a época e suas consequências foram enormes.”

Para celebrar os 22 anos do Projeto Genoma, será realizado nos dias 21 e 22 de novembro, em São Paulo, o Genome Workshop 20+2. O evento integra as atividades comemorativas do 60º aniversário da Fapesp e, além de relembrar as realizações do passado, tem o propósito de debater cenários atuais e oportunidades futuras da genômica em três diferentes áreas de pesquisa: Genômica de Patógenos, Genômica do Câncer e Genômica Agroambiental. A programação completa pode ser conferida neste link. O site trará ainda uma série de entrevistas com os principais responsáveis pela arquitetura e gestão do projeto, além de pesquisadores envolvidos e jovens cientistas que há duas décadas estavam realizando seu mestrado ou doutorado e hoje têm carreira científica consolidada.

Início do projeto

Nas duas entrevistas já publicadas, José Fernando Perez, diretor científico da Fapesp à época do lançamento do Projeto Genoma, e Fernando Reinach, então membro da Coordenação de Área – Biologia da fundação, lembram dos principais desafios de organização, gestão e acompanhamento de um projeto que envolvia desde a distribuição dos fragmentos do genoma da Xylella fastidiosa a 33 laboratórios de pesquisa em todo o Estado, até a montagem final e a anotação dos 2.900 genes no laboratório central de bioinformática, em Campinas.

“Era um projeto de US$ 10 milhões, embora naquela época um dólar valesse um real. Era o maior projeto científico que estava sendo financiado na história do Brasil”, afirma Perez, em entrevista que contou com a participação do presidente da Fapesp. “A gente achou que seria muito legal ter um comitê internacional que pudesse vir aqui e avaliar, a cada dois ou três meses, como a coisa estava indo, já que existia o risco de não andar bem. Precisava de alguém que desse o aval de que as coisas estavam indo bem ou, se estivessem indo mal, [indicasse] como resolver”, lembra Reinach.

Programação

No dia 21 de novembro, às 9 horas, participarão da mesa de abertura Zago, presidente da Fapesp, Luiz Eugênio de Mello, diretor científico da fundação, e Reinach, gestor do Fundo Pitanga e um dos idealizadores do Projeto Genoma Fapesp ao lado de Perez, atualmente diretor-presidente da empresa Recepta Biopharma.

Na sequência, a professora da USP Marie-Anne Van Sluys, que fez parte da rede Onsa quando ainda era estudante de pós-graduação e é integrante da Coordenação Adjunta de Programas Especiais e Colaborações em Pesquisa da Fapesp, será a moderadora da mesa-redonda dedicada ao tema Genômica de Patógenos. “Quando lembro da atuação da rede Onsa, faço analogia com uma orquestra sinfônica, em que cada integrante tinha a sua partitura e dava sua contribuição para o todo. Tínhamos um regente, Andrew Simpson, a nos guiar com sua batuta e havia um grupo de primeiros violinos. Mas a música só ganhava corpo com todos tocando”, diz Marie-Anne. Participam do debate Perez, Alessandra Souza (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), Jorge Elias Kalil Filho (USP), João Marcelo Pereira Alves (USP) e, a confirmar, um pesquisador do Arthropod Genomics Research Working Group – Ag100pests Inniciative, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

No período da tarde será realizada a mesa Genômica Agroambiental, com moderação do professor da USP Luis Eduardo Aranha Camargo. Os participantes serão Paulo Arruda (Universidade Estadual de Campinas), Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos (Laboratório Nacional de Computação Científica), João Carlos Setubal (USP), Claudia Barros Monteiro-Vitorello (Esalq-USP) e Mark Blaxter (Sanger Institute Darwin Tree of Life).

No dia 22 de novembro, no período da manhã, Genômica do Câncer será o tema da mesa comandada por Anamaria Aranha Camargo, pesquisadora do Hospital Sírio-Libanês e membro da Coordenação Adjunta – Ciências da Vida da Fapesp. Participam do debate Andrew Simpson (Orygen Biotecnologia), Emmanuel Dias Neto (AC Camargo Cancer Center), Sergio Verjovsky (Instituto Butantan) e Rui Manuel Vieira Reis (Hospital de Amor). Durante a sessão será feita uma homenagem ao legado do professor Ricardo Renzo Brentani, ex-diretor científico da Fapesp, falecido em 2011, encerrando com a conferência Ricardo R. Brentani In Memoriam Lecture, a ser proferida por Chi Van Dang, diretor científico do Ludwig Institute for Cancer Research.

“O conhecimento gerado nas últimas décadas sobre o genoma do câncer permitiu o desenvolvimento de novas formas de diagnóstico e tratamento da doença. A contribuição brasileira foi extremamente relevante, permitiu a identificação de novos genes e definiu o perfil de expressão gênica em tumores raros e de alta incidência no Brasil”, aponta Camargo.

O workshop Genome 20+2 será realizado nos dias 21 e 22 de novembro, das 9h às 17h30, no Auditório da Fapesp (Rua Pio XI, 1.500 – Alto da Lapa). As inscrições para o evento podem ser feitas no site do evento.

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Texto: Agência Fapesp


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