Curso de Engenharia Ambiental em São Carlos mapeia trajetória profissional de ex-alunos

Em 20 anos do curso, são mais de 500 engenheiros formados que atuam em áreas como tecnologia, indústria alimentícia, certificação ambiental e economia circular e de baixo carbono

 01/08/2023 - Publicado há 9 meses
Curso de Engenharia Ambiental da EESC no campus da USP em São Carlos completa 20 anos – Foto: Divulgação/EESC

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O curso de Engenharia Ambiental da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP completa 20 anos. A primeira turma ingressou no ano de 2003 e, desde então, todos os anos, são oferecidas 40 vagas aos interessados na carreira. Foram cerca de 530 engenheiros e engenheiras ambientais diplomados num curso em que o objetivo é formar profissionais com sólida base em Engenharia, sensíveis aos problemas da sociedade e que atuem de forma crítica, flexível e reflexiva, sempre comprometidos com os valores fundamentais da sustentabilidade.

A comissão coordenadora do curso conduziu, no primeiro semestre de 2023, um abrangente mapeamento dos egressos para entender as respectivas trajetórias profissionais e identificar oportunidades de aprimoramentos no projeto pedagógico do curso. O ponto de partida foi uma lista de estudantes que se formaram de 2017 a 2022, ou seja, aqueles que possuem, no máximo, cerca de cinco anos decorridos desde a conclusão do curso. Para o levantamento dos dados, foi realizada uma busca ativa de informações publicamente disponíveis em redes sociais profissionais ou em plataformas como a Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Foram compiladas as seguintes informações desses profissionais: cargo, função, atividades principais, instituição e local de trabalho atuais. Ao todo, os 181 egressos dos últimos cinco anos foram mapeados, dos quais ao menos 87% estão trabalhando no momento. Os demais ou não foram localizados ou estão em busca de recolocação profissional. Esse resultado é muito positivo, segundo o atual coordenador do curso, o professor Davi Gasparini Fernandes Cunha, do Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC. “Constatamos que o profissional de Engenharia Ambiental egresso da EESC, mesmo que recém-formado, tem obtido excelente aceitação no mercado de trabalho. O período logo após a formatura pode ser especialmente desafiador para o ingresso de qualquer profissional no mercado de trabalho, mas o fato de nove em cada dez engenheiros ambientais terem vínculo de trabalho atual reforça a elevada empregabilidade destes profissionais formados na EESC”, comenta.

De norte a sul do País (e também no exterior)

Prédio de laboratórios e salas de aula do curso – Foto: Divulgação/EESC

Entre os profissionais ativos no mercado de trabalho e que foram localizados (157 egressos no total), o predomínio é de atuação profissional no Estado de São Paulo, mas há egressos desempenhando suas funções em outros dez Estados, representantes de todas as regiões brasileiras, inclusive no Distrito Federal. Além disso, cerca de 10% dos profissionais atualmente desenvolvem suas carreiras no exterior, mais especificamente nos seguintes países: Alemanha, Áustria, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, França, Inglaterra, Japão e Suécia.

O levantamento também mostrou que os egressos ocupam diversos cargos e desempenham diferentes funções. Há predomínio de vínculo profissional descrito como engenheiro/a ambiental, engenheiro/a de projetos, analista ambiental, analista de sustentabilidade e analista de projetos. A maioria dos profissionais, cerca de 75%, possui vínculo com empresas, indústrias ou consultorias especializadas, totalizando 94 instituições/organizações diferentes. Outros 10% dos profissionais estão envolvidos com alguma atividade acadêmica ou de pesquisa no momento (especialização, mestrado, doutorado ou pós-doutorado). Os demais 15% se distribuem entre órgãos públicos, como prefeituras municipais e autarquias, organizações não governamentais, organizações intergovernamentais e empresas próprias (autônomos).

Segundo o professor, foram identificadas as áreas específicas em que os profissionais têm atuado mais frequentemente. “O nosso mapeamento mostrou que as áreas-chave que definem o cerne da atuação dos nossos egressos da Engenharia Ambiental são saneamento (água, esgoto, resíduos sólidos e drenagem), tecnologia e indústria (por exemplo, de alimentos, automobilística, bebidas, embalagens, farmacêutica, ferramentas, papel e celulose), infraestrutura, energia, recursos hídricos, licenciamento ambiental, recuperação de áreas degradadas, economia circular e de baixo carbono, gerenciamento de riscos e certificação ambiental”, destaca.

Egressos do curso falam de suas carreiras – Divulgação EESC-USP

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Exemplos de atuação 

A engenheira ambiental Julia Sobottka Vendruscolo está envolvida com projetos de saneamento básico, particularmente a modelagem hidráulica e a operação de sistemas de abastecimento de água, em um dos quatro maiores grupos privados do setor de água e esgoto do Brasil. Também nessa linha, o egresso Leonardo Muniz Niviadonski é engenheiro de uma concessionária de tratamento de água e esgoto. “Os conhecimentos técnico-científicos abordados no curso de Engenharia Ambiental da EESC são essenciais no meu trabalho”, salienta.

Isabela Burattini Freire, também egressa do curso, é engenheira em uma consultoria internacional especializada em recursos hídricos. Ela afirma que a EESC, muito além de garantir uma sólida base educacional, forneceu-lhe ampla visão da Engenharia Ambiental devido à diversidade do currículo. “As diferentes disciplinas que compõem o curso me proporcionaram liberdade de escolha para definir minhas preferências e então trilhar minha trajetória profissional”, destaca. Além dos problemas relacionados à água, soluções para a poluição do solo também fazem parte do currículo do curso. Rodolfo Tonelli, por exemplo, integra equipe de consultoria ambiental com foco em gerenciamento de áreas contaminadas e, entre outras funções, atua nas etapas de investigação e monitoramento da intrusão de vapores do solo em tais áreas.

Outro exemplo é o de Luisa Lavagnini Barboza, engenheira ambiental em uma empresa líder mundial no fornecimento de tecnologia e serviços, com foco em soluções para mobilidade, tecnologia industrial, bens de consumo e energia e tecnologia predial. Entre outras atribuições, ela está envolvida em projetos de remediação ambiental. Já a engenheira ambiental Mariana Valério da Silva atua em uma empresa de engenharia que presta serviços no ramo de alimentos e bebidas. Ela ressalta que a formação na EESC foi um diferencial quando iniciou seus primeiros projetos e que se sente muito feliz por aplicar o que aprendeu em sala de aula. Essa percepção é semelhante a de Jonatas Fernandes Marques, egresso do curso e atualmente funcionário público – ele atua como engenheiro ambiental da prefeitura de um município da região metropolitana de São Paulo. “A EESC fez muita diferença na minha formação e, por meio do cargo que exerço na prefeitura, posso gerar benefícios diretos à população da cidade”, avalia.

Segundo o professor, também chama a atenção que recém-formados já ocupem cargos de gerência e coordenação, como é o caso da engenheira ambiental Júlia Figueiredo Pinto, graduada em 2018, que atua como coordenadora de sustentabilidade e public affairs para a América do Sul de uma líder mundial na fabricação de latas de alumínio para bebidas. Bruno Torres Leoncio, formado em 2019, também é supervisor de meio ambiente em uma indústria alimentícia, com especial atenção ao tratamento de efluentes. Victor Luiz da Silva Rolim, graduado em 2021, é gerente logístico em uma corporação multinacional de bens de consumo e utiliza sua habilidade analítica, incluindo linguagem de programação e ferramentas de qualidade, para eliminação de perdas e promoção de melhoria contínua na empresa. Ele destaca a importância do desenvolvimento de habilidades comportamentais: “As experiências extracurriculares do curso me permitiram desenvolver importantes soft skills como liderança, oratória, escuta-ativa, trabalho em equipe, gestão do tempo e, sobretudo, pensamento crítico, amplamente trabalhado em sala de aula e nos projetos de extensão universitária”.

Há, ainda, exemplos de profissionais que atuam no exterior. Na área acadêmica, Giovana Monteiro Gomes desenvolve seu pós-doutorado na Technical University da Dinamarca; e Priscilla Soares é consultora técnica junto ao Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá, atuando em pesquisas de materiais inovadores na construção civil para contribuir com a descarbonização do setor e, ainda, na busca de alternativas para mitigação dos impactos causados pelo aquecimento global. 

Histórias e exemplos das trajetórias de outros egressos do curso podem ser acompanhados no canal da Semana da Engenharia Ambiental no canal do Youtube. Neste endereço, são disponibilizadas, na íntegra, rodas de conversa on-line com os egressos, regularmente promovidas pela comissão coordenadora do curso em parceria com os discentes. O objetivo da iniciativa é permitir que os atuais estudantes do curso tenham contato contínuo com esses profissionais e se beneficiem do compartilhamento de experiências, desafios e oportunidades experimentados ao longo da carreira.

Por fim, o coordenador do curso ressalta que a ampla gama de atuações anteriormente exemplificada evidencia que o engajamento de docentes e funcionários técnico-administrativos vinculados ao curso tem contribuído efetivamente para o desenvolvimento de habilidades e competências que credenciam os egressos à resolução de problemas que afetam o equilíbrio ambiental, o bem-estar e a qualidade de vida da população. “Nesses 20 anos de história da Engenharia Ambiental na USP em São Carlos, nosso levantamento também permitiu identificar oportunidades de melhoria do curso para que os egressos estejam cada vez mais sintonizados com as demandas da sociedade e para que nossos atuais estudantes tenham contato, cada vez mais cedo, com as diversas possibilidades de atuação do engenheiro ambiental no Brasil e no exterior”, conclui.

Mais informações com a Comissão Coordenadora do Curso de Engenharia Ambiental no site ou pelo telefone (16) 3373-9537.
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Com informações da Assessoria de Comunicação da EESC-USP, com edição de Claudia Costa


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