Indústria brasileira encontra dificuldades na produção de insumos

Simão Silber informa que as indústrias automobilística e eletrônica são as principais afetadas pela falta de insumos, por causa da pandemia e da guerra

 09/08/2022 - Publicado há 2 anos
Fotomontagem sobre reprodução Pixabay, Freepix e Wikipedia
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De acordo com levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), cerca de metade da produção industrial é consumida pela própria indústria, o que resulta na falta e no alto custo dos insumos e em maior pressão na inflação, além de dificultar a recuperação da produção.

Simão Silber, professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP – Foto: Reprodunção

A indústria depende de produtos importados e de outros setores da própria cadeia industrial. O professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP e pesquisador da Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe), Simão Silber, cita o fenômeno chamado choque de oferta, em que toda vez que se diminui a produção de um suprimento o seu preço aumenta. Segundo ele, o fenômeno foi geral, mas os setores da indústria automobilística e da indústria eletrônica se destacaram por causa da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia. 

Outro aspecto recente que está assumindo uma maior proporção à medida em que o problema de suprimento de matérias-primas para o setor industrial está se resolvendo é o aumento da taxa de juros, fator pelo qual vários setores precisaram interromper a produção. A alta de juros também impacta o consumidor, o qual se retrai em consequência dos maiores custos dos produtos.  

Possíveis alternativas

“Para a montagem de um carro ou de um caminhão hoje, tem uma tecnologia embarcada no veículo bastante sofisticada e que não é produzida aqui no Brasil, então não adianta produzir o carro se você não consegue terminar. Vai ter momentos em que a produção vai encolher dramaticamente por falta de suprimentos e a autossuficiência é impossível”, exemplifica Silber. Nesse sentido, é preciso diversificar o número de fornecedores e não depender de um único país. 

O professor também indica outras medidas necessárias no cenário atual, como diminuir o protecionismo e investir em uma taxa de câmbio mais adequada à exportação. Para ele, um dos grandes desafios do próximo governo brasileiro será a reforma do comércio exterior: “A partir de 1980, o mercado interno brasileiro dobrou de tamanho, mas a indústria ficou com o mesmo tamanho de 1980, ou seja, o resto foi suprido por produto importado. É preciso ter um governo comprometido com o desenvolvimento nacional”.


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