Os cinco D’s. Muito similares aos três R’s da sustentabilidade que se aprende na escola — reduzir, reutilizar e reciclar —, os D’s estão relacionados a uma transição energética sustentável.
“De um modo geral, o principal objetivo é a substituição das fontes derivadas do petróleo por fontes que não emitem gases causadores do efeito estufa. Isso inclui a inserção de fontes renováveis como a solar, a eólica e a obtida dos biocombustíveis, a eletrificação do transporte, a busca pelo uso racional da energia, entre outras ações“, explica Fernando de Lima Caneppele, professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP.
Dá para contar nas mãos
Para isso, conseguimos contar em uma mão os pilares principais para uma mudança de matriz energética benéfica ao meio ambiente. São eles: Descarbonização, Descentralização, Digitalização, Democratização e Decréscimo de Consumo. O professor ressalta que não existe uma hierarquia de prioridades ou relevância entre os D’s, além de crer que eles devem ocorrer de forma simultânea.
No âmbito da descarbonização, o foco é a substituição direta de fontes que emitem carbono para as limpas, sobretudo as renováveis. Já na descentralização, o enfoque é no processo de diminuir o impacto ambiental decorrente da construção de grandes usinas e de grandes redes elétricas, dutos de combustíveis e demais estruturas de transporte. Assim, é possível também diminuir as perdas de distribuição.
No caso da digitalização, está relacionada a dar uma maior flexibilidade e inteligência ao setor energético. “Isso permite novos modelos produtivos que vão além da otimização da relação entre geração, transmissão e distribuição, mas também serve para modular a carga e permitir modelos mais cooperativos de uso de recursos”, explica Caneppele. Um exemplo são os aplicativos de uso compartilhado de veículos.
O professor comenta que “a exploração dos combustíveis fósseis garantiu o desenvolvimento de um parque industrial mundial e a riqueza de muitas regiões, mas, no século 21, muitas comunidades ainda convivem com a escassez de recursos energéticos, com a falta de acesso ou a dificuldade de custear o insumo”.
E é sobre isso que trata o D de Democratização. Inclusive, ele também está muito relacionado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) 7, cujo foco é “garantir o acesso a fontes de energia confiáveis, sustentáveis e modernas para todos”.
Integrados
Como Caneppele já disse, não existe hierarquia de importância entre os cinco D’s, mas a integração entre eles existe. É possível notá-la principalmente sobre o último — mas não menos importante —, D de diminuição do consumo. “A diminuição do consumo é facilitada pelas tecnologias digitais e pela descentralização, mitigando a emissão de CO2. Assim percebemos a interação entre os D’s da transição energética”, ressalta o professor.
A transição energética não é só relevante para o meio ambiente, mas também para a sociedade em geral, diz Caneppele: “Além de uma substituição na matriz primária da energia mundial, ela deve alterar a maneira como nos relacionamos com os recursos energéticos e naturais, alterar nosso modo de produção, de trabalho, de ser e de existir”.
Produção: Cinderela Caldeira, Alessandra Ueno, Julia Galvão, Guilherme Castro Sousa
Apresentação e Coprodução: Ferraz Jr.
O Boletim Energia Sustentável vai ao ar na Rádio USP, quinzenalmente, às terças-feiras
Edição: Rádio USP
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