O que fazer com o acervo de um arquiteto global?

Guilherme Wisnik comenta a decisão do arquiteto Paulo Mendes da Rocha de doar seu acervo para a Casa da Arquitetura, em Portugal

 17/09/2020 - Publicado há 4 anos

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Nesta edição da coluna Espaço em Obra, o professor Guilherme Wisnik aborda um tema não destituído de certa polêmica: a doação do acervo do arquiteto Paulo Mendes da Rocha para a Casa da Arquitetura, em Matosinhos, Portugal. O colunista observa ser uma pena que tal acervo não esteja “fisicamente próximo a nós” e uma pena maior ter acontecido num momento muito ruim da geopolítica interna. Wisnik se diz um admirador confesso de Paulo Mendes, por sua inteligência e lucidez. “O Paulo Mendes da Rocha é um arquiteto cuja trajetória foi toda dedicada à esfera pública, ao ensino na FAU/USP, à universidade pública, ao valor público e à obra pública de arquitetura.”

Por isso, Wisnik entende a atitude do arquiteto ao tomar a decisão de doar seu acervo para Portugal: “Ele viu as condições que lá existem para o acondicionamento do material e para a digitalização e disponibilização pública desse material, todo digitalizado em acervo gratuito para pesquisa”. Uma decisão, portanto, que não deve ser mal interpretada. “É preciso entender que o Paulo Mendes da Rocha é um arquiteto global, talvez o primeiro brasileiro nessa condição, uma vez que o Niemeyer, apesar de ter tido um sucesso internacional inquestionável, ainda foi de um momento onde esse tipo de identificação e circulação era muito diferente.”

Agora, é “cobrar” para que a Casa da Arquitetura digitalize e disponibilize esse material gratuitamente para a pesquisa e que também realize convênios de pesquisa com a FAU e com outras universidades brasileiras para facilitar esse trânsito. Para Wisnik, todo esse processo deve gerar não um retrocesso, mas um avanço nas relações entre Brasil e Portugal e na pesquisa de acervos de arquitetura no Brasil e no mundo.


Espaço em Obra
A coluna Espaço em Obra, com o professor Guilherme Wisnik, vai ao ar  quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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