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O Brasil comemora amanhã (7) 201 anos de Independência. De que modo essa realidade determina o modo como o País se coloca em um cenário mundial tão complexo e problemático? O professor Pedro Dallari tem a resposta para essa questão: “Ao completar o primeiro ano de seu terceiro século de vida independente, o Brasil se apresenta perante si mesmo e perante o mundo como uma grande incógnita. De um lado, com sua dimensão territorial, imensas riquezas naturais, um grande e diversificado contingente populacional, caracterizado por lastro cultural riquíssimo, o País gera internacionalmente a expectativa de uma presença marcante e benéfica para o equacionamento das graves crises do mundo contemporâneo. Mas, de outro lado, com um quadro de desigualdade social gritante, que nem mesmo o longo período de democracia que se seguiu ao final do regime militar conseguiu reverter, o País dá mostra de incapacidade para atender àquela expectativa global”. 

“Os enormes riscos que a democracia brasileira correu recentemente soaram globalmente como um sinal de alerta, trazendo desconfiança e perda de credibilidade, inabilitando-o como um possível agente das transformações de que o mundo necessita. O mesmo sentimento decorre dos retrocessos na área ambiental, ainda não revertidos. Portanto, o papel que o Brasil desempenhará na cena mundial vai depender basicamente da capacidade de equacionar seus próprios problemas, de modo que possa voltar a ser visto pelos povos do mundo como fonte de inspiração.”

Ao questionar como a Universidade pode contribuir para que a presença do Brasil para o mundo seja positiva,  o colunista é enfático: “A contribuição da Universidade pode se dar por meio de um maior engajamento na reflexão e atuação frente aos problemas concretos da população brasileira, que guardam total relação com os problemas concretos da população do planeta. A desigualdade social, a violência do crime organizado, as ameaças à democracia, a elevação do aquecimento global são todos fenômenos que atingem o Brasil e o mundo de forma geral. Centros de produção de conhecimento por excelência, cabe às instituições universitárias evoluírem da condição de espaço voltado prioritariamente à formação profissional para uma posição mais ativa no processo de formulação de políticas públicas e na preparação de pessoas aptas a executá-las, inclusive políticas públicas de caráter global. E essa tendência felizmente está se verificando na Universidade de São Paulo”.

 “No ano passado, por ocasião da celebração do bicentenário, a USP teve uma série de iniciativas voltadas a apoiar a comunidade científica e a própria população no exame da história e da realidade brasileira. A reabertura do Museu do Ipiranga e os seminários reunidos no projeto USP Pensa Brasil são exemplos significativos desse empenho. Agora, o projeto de inserção no currículo dos alunos de graduação de atividades de prestação de serviços à comunidade, entre vários outros projetos, exemplifica o propósito de que esse maior conhecimento sobre o País gere impacto social significativo. É preciso que essa tendência da Universidade tenha continuidade e se afirme cada vez mais.”

“Na página desta coluna publicada no Jornal da USP está disponível o link para acesso gratuito a livro coordenado pelo embaixador Rubens Ricupero, que foi publicado pela Editora da Universidade de São Paulo e resultou dos estudos que foram dirigidos no âmbito da Cátedra José Bonifácio por aquele notável intelectual e homem público. Intitulado Balanço e Desafios no Bicentenário da Independência, trata-se de mais uma das iniciativas que marcaram a presença da USP nas comemorações do ano passado. Vale a pena tomar contato com o livro, que é um registro importante do compromisso da Universidade de São Paulo com o Brasil e a civilização.”

https://www.livrosabertos.edusp.usp.br/edusp/catalog/book/42

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