Melhora da mobilidade urbana requer modernização do sistema de transporte público

Cláudio Barbieri comenta estudo da Confederação Nacional da Indústria e diz que sistemas que possam ser construídos e operados em pouco tempo são necessários para melhorar a mobilidade

 29/05/2023 - Publicado há 11 meses
Quando planejados da forma correta, a grande vantagem dos transportes públicos é a sua rapidez e eficiência
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Na última década, observou-se a diminuição do número de investimentos em transportes de massa e o aumento do número de carros sendo utilizados nas grandes metrópoles nacionais. Esse dado não parece fazer muito sentido para as grandes cidades, uma vez que o maior volume e movimentação de pessoas requer maior praticidade — que costuma ser fornecida pelos ônibus, trens e metrôs. 

Assim, segundo um estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil precisa de R$ 295 bilhões para modernizar a mobilidade urbana. Esse montante deve ser aplicado até 2042 nas 15 principais regiões metropolitanas brasileiras. O professor Claudio Barbieri, do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP, comenta que, quando planejados da forma correta, a grande vantagem dos transportes públicos é a sua rapidez e eficiência. 

É importante compreender que a manutenção e fornecimento do transporte público é realizado em diferentes escalas. Nos municípios, esse serviço é oferecido pelos órgão municipais, assim as cidades são responsáveis por ele. Em casos de transportes intermunicipais, a responsabilidade fica sob a inspeção de um órgão pertencente à cidade ou de um órgão rodoviário. “Muitos municípios não têm recursos suficientes para fazer os investimentos necessários para a melhoria da mobilidade, principalmente nas grandes cidades. Nesses casos, o governo federal acaba ajudando”, comenta Barbieri. 

Parcerias público-privadas 

Cláudio Barbieri da Cunha – Foto: IEA/USP

O especialista explica que o transporte de passageiros por trilhos não é rentável em nenhum lugar do mundo e utiliza como exemplo o balanço do Metrô de São Paulo,  em que a arrecadação de tarifas não é suficiente para manter os custos de manutenção e qualidade do serviço. Por esse motivo, faz-se necessária a utilização de parcerias entre os setores público e privado. 

Além disso, nota-se que os benefícios para a cidade em termos de redução de tempo de viagem, menor congestionamento e diminuição de emissão de gases são de cinco a 10 vezes maiores que os investimentos. O problema da questão passa a ser discutido quando é observado que esses benefícios não conseguem ser auferidos por uma única unidade, ou seja, os benefícios não são observados por indivíduos singulares, mas pela sociedade como um todo.

Mudanças

O professor discorre que, para todos os investimentos públicos, o cobertor é curto demais, sendo esse um dos grandes desafios de países em desenvolvimento. Além disso, é difícil visualizar qual é o novo desenho da mobilidade urbana, já que grandes mudanças no setor foram notáveis nas últimas décadas. É possível observar que muitas pessoas passaram a utilizar o carro no lugar do transporte coletivo. Barbieri explica que a pandemia contribuiu para a solidificação desse cenário, uma vez que, com o fortalecimento do modelo híbrido, os indivíduos passaram a preferir ir de carro ao trabalho nos poucos dias em que precisam deixar suas casas. 

“Em qualquer lugar do mundo, existe uma consciência coletiva de que o transporte público de qualidade é uma necessidade”, declara o especialista. Isso acontece porque a vantagem desse sistema é a rapidez, que não consegue ser garantida por nenhum outro modo de transporte. Para melhorar o cenário atual, Barbieri explica que sistemas que possam ser construídos e operados em pouco tempo são necessários para melhorar a mobilidade. 


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