O carro elétrico e o movido a etanol são as melhores opções para o meio ambiente

É o que demonstra um estudo na Poli, o qual comparou as emissões de gases de efeito estufa entre veículos movidos a gasolina e etanol e os elétricos e cujo diferencial é a metodologia empregada

 10/05/2023 - Publicado há 12 meses
Os resultados foram favoráveis ao carro elétrico – Foto: Pexels

 

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Um estudo realizado por Michele Maselli Filho, doutorando da Escola Politécnica (Poli) da USP, compara as emissões de GEEs (Gases de Efeito Estufa) entre veículos movidos a gasolina e etanol e os elétricos. “A novidade desse estudo é a metodologia. Existem alguns usos no Brasil, mas, para estudar o cenário brasileiro, ela é totalmente pioneira”, diz o professor Roberto Marx, do Departamento de Engenharia de Produção da Poli e coordenador do Laboratório de Estratégias para a Mobilidade Urbana (Mobilab).

Método

A metodologia utilizada foi a Análise de Ciclo de Vida, considerada um diferencial no estudo, já que contabiliza a emissão de GEEs não apenas durante o uso efetivo do automóvel, como também leva em conta como foi a sua produção e como será o seu descarte.

Michele Maselli Filho – Foto: Reprodução/LinkedIn

“Em vez de considerar só as emissões da fase de uso do veículo, por exemplo, quando o veículo vai para o posto e abastece, a gente tinha que ficar no escapamento ou, no caso do carro elétrico, das emissões que saem para você gerar eletricidade; o estudo teve como objetivo considerar todas as emissões, da produção até o momento de deposição, de reciclagem”, explica Maselli. Ele ainda ressalta a necessidade de termos uma visão completa do panorama de emissões de cada veículo a partir da base de dados utilizada, sobretudo a chamada GREET, para o estudo das composições de materiais de veículos ao perfil de uso do combustível de cada um.

Resultados

Os resultados do estudo, como diz Marx, não foram surpreendentes por já serem esperados do ponto de vista do impacto ambiental. Entretanto, o professor coloca que o diferencial é a quantificação das emissões de GEEs nos diferentes veículos. 

Maselli complementa: “Os resultados são bastante favoráveis ao carro elétrico de maneira geral, principalmente quando comparado ao veículo a gasolina. Ele foi melhor que o veículo a gasolina, considerando os parâmetros brasileiros. Entretanto, o etanol se mostrou uma opção muito válida. Pensando em perspectivas e aplicações do estudo para o futuro, nós temos duas opções viáveis, porque o carro elétrico e o movido a etanol são as melhores opções ecologicamente”.

Importância

Roberto Marx – Foto: PRO/Poli/USP

A relevância de se ter dados sobre o assunto não é somente importante para o panorama ambiental, mas também para a elaboração de políticas públicas de mobilidade urbana. “Esses resultados são interessantes no sentido de ser um insumo para se pensar em políticas públicas. É lógico que, quando você pensa em políticas públicas, seja numa cidade como São Paulo, para um Estado ou para o Brasil, você tem que levar em conta vários outros aspectos que não só o nível de emissões. Mas o dado de quanto esses diferentes veículos, com diferentes motorizações, emitem em termos de gás carbônico é uma variável importante a ser considerada nas políticas públicas”, coloca o professor.

Marx complementa dizendo que “uma das carências que nós temos aqui é, de fato, um controle maior do nível de emissões dos carros que estão rodando de uma forma geral. Essas implicações podem ser discutidas na questão das políticas públicas de mobilidade urbana”.


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