Explosões solares afetam a geolocalização e prejudicam as análises meteorológicas

Roberto Costa explica que a comunicação via internet não sofre influência do fenômeno. O ápice do atual ciclo teve início em janeiro e vai até outubro de 2024, tendo sido antecipado em um ano

 Publicado: 26/04/2024
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Devido às complexidades do campo magnético solar, ainda não é possível entender o motivo pelo qual ocorrem períodos mais intensos de explosões e períodos mais calmos – Foto: Freepik
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Roberto Costa – Foto: Arquivo Pessoal

As explosões solares ocorrem através de uma liberação repentina e intensa de energia em forma de radiação eletromagnética na atmosfera do Sol e esses eventos acontecem de forma cíclica com o período de 11 anos entre cada um deles. Isso significa que, durante um ciclo, o Sol transita de fases tranquilas para fases intensas e ativas. O ápice para o atual ciclo estava previsto para julho de 2025, entretanto, segundo uma nova revisão, os cientistas do Centro de Previsão do Clima Espacial de Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos concluíram que o clímax teve início em janeiro deste ano e se estenderá até o próximo mês de outubro, ou seja, com um ano de antecedência. 

Devido às complexidades do campo magnético solar, ainda não é possível entender o motivo pelo qual ocorrem períodos mais intensos de explosões e períodos mais calmos. O professor Roberto Costa, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, diz que atualmente entende-se que, além do ciclo de 11 anos, “o Sol pode ter vários ciclos superpostos” com períodos de 22, 80, 120 anos, e talvez períodos ainda maiores. Segundo o professor, não dá para dizer porque o atual ciclo foi antecipado.

Consequências no cotidiano

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Inicialmente, a preocupação maior com o pico do ciclo solar estava relacionada à interferência na comunicação via internet, entretanto, Costa ressalta que “as explosões não interferem na comunicação da internet,  já que a maioria da comunicação internacional é feita por cabos submarinos de fibra óptica e não via satélite. Com isso, não haveria riscos maiores para a internet em termos mundiais”.

As consequências das explosões são observadas por conta dos problemas relacionados aos satélites. “Existe uma quantidade muito grande de problemas relacionados com geolocalização. A gente está habituado a procurar caminhos e encontrar pelo aplicativo do celular que usa a rede GPS, por exemplo. A vida cotidiana depende muito dos satélites nesse sentido”, explica Costa. 

Com a dependência cada vez maior das tecnologias, as explosões solares ganham mais importância. O que pode ser complicado, além da comunicação via satélite, é a radiocomunicação, porque, se ocorrer uma explosão solar, um eventual jato de vento solar pode atingir a Terra, em consequência, a comunicação com os satélites “pode ficar seriamente perturbada por um certo tempo”. 

Proteção contra as explosões

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Os estudos e mapeamentos realizados diariamente sobre o Sol, através de telescópios que detectam caso haja uma explosão solar muito intensa, ajudam na prevenção de possíveis danos que possam ser causados nos satélites. Os monitoramentos detectam o risco instantaneamente e, para chegar as partículas até a Terra, leva algumas horas ou poucos dias, então, “é possível prever tempestades solares nessa escala de tempo depois que a explosão ocorre, mas antes que a nuvem de partículas carregadas chegue na atmosfera da Terra, então é possível colocar satélites ou outros equipamentos mais sensíveis num modo de proteção, de maneira a se tentar minimizar possíveis danos”.

*Estagiário sob supervisão de Ferraz Junior


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