Em 2024, segurança pública é prioridade para os direitos humanos no Brasil

Ameaça do crime organizado coloca em risco o funcionamento regular dos órgãos do Estado brasileiro e pode inviabilizar não só a segurança pessoal, mas as ações públicas voltadas à garantia e promoção dos direitos humanos

 07/02/2024 - Publicado há 3 meses     Atualizado: 20/02/2024 as 9:01
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Em sua primeira coluna do ano, Pedro Dallari especula sobre as perspectivas para os direitos humanos no Brasil em 2024. Na opinião dele, teremos em 2024 um quadro bastante preocupante para a preservação e promoção dos direitos humanos da população brasileira. “Além de sofrer os reflexos das crises que atingem atualmente o mundo – com destaque para o agravamento do aquecimento global e as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio –, o Brasil sofre as consequências de uma realidade econômica e social profundamente injusta, com forte concentração da renda e muita desigualdade social. Esse cenário geral prejudica enormemente a possibilidade de afirmação dos direitos humanos.

Nesse contexto preocupante, merece atenção o crescimento exponencial da presença do crime organizado no Brasil, uma situação que reproduz fenômeno que também ocorre na América Latina e em outras regiões do planeta. Associado principalmente ao tráfico de drogas ilícitas, o crime organizado vai se fazendo presente em outros campos de atuação, até mesmo pela aquisição do controle efetivo e ilegal de setores da administração pública e de áreas do território brasileiro, de modo a facilitar a realização de atividades criminosas. É o caso, por exemplo, dos cartéis para corrupção da administração pública, das milícias em bairros de muitas cidades brasileiras ou dos garimpos clandestinos na floresta amazônica.                                                                                                                                                                                                                             

A célebre Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que “todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”. No entanto, o crescimento do crime organizado ameaça não só a segurança das pessoas, mas, ao comprometer o funcionamento regular dos órgãos públicos, pode prejudicar gravemente a prestação dos serviços de saúde, educação e transporte, direitos também previstos na Declaração. Em síntese, como a promoção dos direitos humanos depende do bom desempenho dos órgãos públicos, deve ser dada prioridade ao combate ao crime organizado e a uma situação que ameaça o próprio funcionamento do Estado.

A Universidade tem a capacidade e o dever de contribuir no apoio à formulação e à gestão de políticas públicas que aprimorem em nosso país as atividades de segurança pública e de combate ao crime organizado, permitindo que a população possa ter uma vida mais tranquila. A USP vem dando sua contribuição por meio do aumento das atividades de pesquisa nessa área. Ao tradicional Núcleo de Estudos da Violência, o NEV, se somou, mais recentemente, a Esem, Escola de Segurança Multidimensional, iniciativas que podem ser melhor conhecidas por meio da consulta a seus sites na internet: https://nev.prp.usp.br/ https://esem.org.br/pt/

O engajamento da Universidade nessa matéria é importante para que se tenha políticas e órgãos de segurança pública mais eficazes e eficientes, atuando nos marcos constitucionais e legais e que criem condições para um quadro institucional e social de respeito pleno aos direitos humanos.”


Globalização e Cidadania
A coluna Globalização e Cidadania, com o professor Pedro Dallari, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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