Colunista comenta uso de FGTS antecipado como “bondade eleitoral”

Diz Raquel Rolnik: “O fundo é uma das poucas fontes de recurso para infraestrutura urbana, saneamento básico e habitação e está sendo jogado numa bacia de oferta de crédito para quem não tem a menor condição atual e futura de pagá-lo”

 27/10/2022 - Publicado há 1 ano
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O uso de dinheiro público na reta final do segundo turno das eleições 2022 parece não ter fim, na opinião da professora Raquel Rolnik, que faz deste o tema desta sua coluna. Além de usar o crédito consignado, que poderá ser pago com o Auxílio Brasil “futuro”, medida esta que está sendo questionada pelo Tribunal de Contas da União, também está entre as bondades eleitorais o uso do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) “futuro” para financiar o imóvel.

No momento de “pedir um empréstimo para poder comprar uma casa, adquirir um imóvel, aquela pessoa que não tem renda suficiente para isso pode também usar como renda o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço que ela ainda vai receber no futuro, ou seja, uma espécie de caução. Ela faz a cessão desse fundo futuro para que isso também constitua uma possibilidade de juntar com essa renda […] estamos falando de uma possibilidade de endividamento de um recurso que pode não existir se, por exemplo, a pessoa perder o emprego”.

Essa discussão, segundo ela, é uma das que foram levantadas no momento da aprovação dessa lei – o que aconteceu em junho para ser sancionada em agosto -, mas o Conselho Curador do Fundo de Garantia só regulamentou essa lei agora, no dia 18 de outubro. Basicamente, a ideia contempla a possibilidade de um seguro de seis meses caso até que a pessoa possa encontrar um novo emprego, “mas, se não encontrar um emprego, provavelmente o que vai acontecer com ela é ficar inadimplente, perder a casa, ficar com a dívida e ainda por cima deixar um rombo enorme no próprio Fundo de Garantia por Tempo de Serviço”.

Para finalizar, a colunista observa que esse fundo era uma das poucas fontes de recurso para infraestrutura urbana, saneamento básico e habitação, “sendo jogado numa bacia de oferta de crédito, sobretudo para quem não tem a menor condição atual e futura de pagá-lo”.


Cidade para Todos
A coluna Cidade para Todos, com a professora Raquel Rolnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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