Em uma comemoração histórica, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) realizou a colação de grau da turma 107, a primeira a contar com vagas reservadas para pretos, pardos e indígenas. Os estudantes, que ingressaram na FMUSP em 2019, representam um marco significativo na evolução das políticas afirmativas da instituição.
Em 2019, dos 175 ingressantes, 40% foram admitidos por meio de políticas afirmativas nos processos seletivos da Fuvest e do Enem. Atualmente, 50% das vagas da FMUSP são destinadas a cotas, sendo que 36% desse total são reservadas para candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas. A cerimônia de colação de grau da turma 107 aconteceu no dia 1º de novembro deste 2024.
Larissa Alexandre é uma das novas médicas formadas pela faculdade. Natural do Itaim Paulista, na periferia da Zona Leste de São Paulo, ela estudou a vida inteira em escolas estaduais da região e ingressou na faculdade após cinco anos de cursinho. “A transformação visual que a política afirmativa trouxe à faculdade foi notória. Antes, no máximo, se formavam cinco alunos pretos ou pardos, mas este ano o número foi muito mais expressivo. É um processo que eu vi evoluir não só na Faculdade de Medicina, mas também em todo o complexo HC-FMUSP”, destacou Larissa.
Letramento racial
Uma das escolas médicas mais tradicionais do Brasil, a FMUSP também se dedica a abordar as questões enfrentadas pela população negra, tanto na graduação quanto na residência. A instituição oferece disciplinas que analisam casos em que o racismo impactou o acesso ao tratamento médico, promove rodas de conversa sobre letramento racial e disponibiliza a disciplina optativa Formação do Profissional de Saúde no Combate ao Racismo, aberta à comunidade USP da área da saúde.
“Promover a diversidade na faculdade é um aprendizado contínuo e uma oportunidade única de transformar o futuro da medicina no Brasil. Estamos formando médicos com uma visão mais sensível às necessidades da sociedade e comprometidos em oferecer um atendimento cada vez mais humanizado e equitativo”, destaca a professora Eloisa Bonfá, diretora da faculdade.
No âmbito discente, foi criado em 2018 o Núcleo Ayé, um coletivo de alunos negros com o objetivo de recepcionar e apoiar novos alunos cotistas. O coletivo tem desempenhado um papel fundamental na integração e no suporte dos estudantes que ingressaram na FMUSP a partir de 2019.
“Ver os cotistas negros da Faculdade de Medicina da USP se formando é uma imensa alegria. Além de realizarem o sonho de se tornarem médicos, eles ocupam a linha de frente na luta por justiça social e reparação histórica em um país que ainda perpetua o racismo de forma sistêmica. Estar na academia vai além de obter um diploma profissional; é reivindicar um direito civil e dar continuidade a um legado de emancipação. Como coletivo, o Núcleo Ayé estará sempre ao lado, celebrando as conquistas e assegurando que os direitos conquistados não retrocedam”, afirma Glaucia Verena, fundadora do Núcleo Ayé Coletivo Negro e doutoranda da FMUSP.
Excelência acadêmica
A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) é reconhecida globalmente por sua excelência acadêmica e inovação em ensino e pesquisa médica. Fundada em 1912, oferece cursos de graduação em Medicina, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e Física Médica.
Com cerca de 1.400 alunos na graduação e mais de 1.800 na pós-graduação, a FMUSP é um centro de pesquisa com mais de 60 laboratórios e 230 grupos de pesquisa. Além disso, mantém parcerias com instituições de saúde renomadas, como o Hospital das Clínicas, e dedica-se à educação continuada e ao atendimento de qualidade à comunidade.
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Da Assessoria de Imprensa da FMUSP