Nesta edição da coluna Minuto do Cérebro, o professor Octávio Pontes explica sobre a segurança do uso de anticonvulsivantes em mulheres grávidas com epilepsia, quais são os principais desafios e considerações envolvidos na escolha e no manejo desses medicamentos durante a gravidez.
Para ele, essa é uma questão crucial e complexa, pois envolve uma série de fatores a serem considerados. Quando tratamos de mulheres grávidas com epilepsia, enfrentamos o desafio de equilibrar a necessidade de controlar as convulsões para proteger a saúde da mãe e do bebê, com os potenciais riscos dos medicamentos anticonvulsivantes para o desenvolvimento fetal. “A epilepsia não controlada durante a gravidez pode representar riscos significativos, incluindo lesões decorrentes de convulsões, diminuição do fluxo sanguíneo uterino e até mesmo aumento do risco de aborto espontâneo. Portanto, é fundamental garantir que as mulheres grávidas com epilepsia recebam o tratamento adequado para manter a condição sob controle”, ressalta.
No entanto, destaca Pontes, sabemos que alguns anticonvulsivantes, como o valproato, estão associados a um maior risco de malformações congênitas e comprometimento neurológico no feto. Por outro lado, outros medicamentos, como a lamotrigina, parecem ter um perfil de segurança mais favorável durante a gravidez. Portanto, explica o professor, a decisão sobre qual anticonvulsivante prescrever durante a gravidez deve ser individualizada e baseada em uma análise cuidadosa dos riscos e benefícios para cada paciente.
Segundo o estudo de Hernández-Díaz et al. há o risco de transtorno do espectro autista (TEA) em crianças expostas a medicamentos anticonvulsivantes durante a gestação. Utilizando uma grande coorte dos EUA, derivada de bancos de dados do Medicaid e de seguros, eles analisaram crianças nascidas de mães com epilepsia. Descobriram que a incidência acumulada de TEA aos 8 anos foi de 6,2% entre 1.030 crianças expostas ao topiramato, 4,1% entre 4.205 expostas à lamotrigina, 10,5% entre 800 expostas ao valproato e 4,2% entre 8.815 sem exposição a anticonvulsivantes. As razões de risco ajustadas indicaram um aumento do risco apenas para a exposição ao valproato, com um valor de 2,67 (IC 95%, 1,69 a 4,20), enquanto o topiramato e a lamotrigina não apresentaram aumento significativo do risco.
O minuto do Cérebro
A coluna O minuto do Cérebro, com o professor Octávio Pontes Neto, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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