Clara Nunes trás consigo, a música da orixalidade como testemunho de afirmação positiva da imagem da africanidade. A musicalidade dessa cantora constitui um inventário da querigmáticos das lendas dos ancestrais religiosos das religiosidades africana. O canto de Clara Nunes é uma manifestação de uma corporalidade dos rituais negros. Isso é posto em um tratamento de vogalidade cirúrgica, cuja voz dança e o corpo canta, caracterizando um fenômeno da cultura bantu em que música e dança se confundem formando uma substância indissolúvel.
A tamboralidade da exegese musical de Clara Nunes trás uma ritualidade em que a devoção ganha um processamento de carnavalização, onde o canto para os deuses africanos é uma inversão da ordem estabelecida, permitindo o adepto brincante conquistar o lugar do domínio para impor o império existencial na alegria dialética de uma relação horizontal da musicalidade dançante cuja ordem é o prazer solidário que se encontra na reconstituição do canto da orixalidade.
Quilombo Academia
O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.
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