O podcast Ambiente é o Meio desta semana conversa com a geógrafa Laura dos Santos Rougemont, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisadora do Mapa de Conflitos envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil. Especialista em geografia agrária brasileira, Laura fala sobre conflitos socioambientais e agrários e, principalmente, violência na fronteira contra mulheres.
Os maiores índices de violência no campo estão na Amazônia, antecipa a pesquisadora que identifica o Pará e o Maranhão como os estados brasileiros campeões da violência no campo há muito tempo. E, para Laura, o Estado é o principal agente dessa violência, porque é também o “principal agente regulador do espaço”.
Mas, onde não há a presença do Estado, “as forças privadas se apropriam e estabelecem as suas próprias leis”, conta a professora referindo-se a grandes proprietários de terra, latifundiários, agentes econômicos do ramo da mineração que possuem um controle muito grande e são predominantes nesta região. Segundo Laura, estas forças privadas “vão adentrando na Amazônia, mas sempre com o aval do Estado”.
E as comunidades tradicionais, principalmente as mulheres, são as mais afetadas pela violência do fruto dos conflitos territoriais. Laura, que estuda casos de mulheres assassinadas por conta dos conflitos na Amazônia, afirma que apesar dos dados quantitativos mostrarem os homens como as maiores vítimas, quanto à natureza dos assassinatos, as mulheres dessas comunidades são “reprimidas com mais violência”.
Nos últimos anos, de 2015 a 2019, o número de assassinatos, ameaças e tentativas de assassinatos contra mulheres cresce ano após ano. É que à medida que a sociedade abre espaços para a participação mais ativa das mulheres, nos ”espaços de participação política, a gente também tem mais violência contra elas”, completa Laura.
Ambiente é o Meio