O jornal O Estado de S. Paulo publicou hoje, dia 5 de outubro, um editorial em que comenta a decisão da Universidade de remover notas e frequências de alunos que estavam com a situação vacinal contra a covid-19 irregular até o semestre passado. Desde a retomada das atividades presenciais na USP, é obrigatória a comprovação do esquema vacinal completo (e eventuais doses de reforço).
As notas e frequências removidas são de estudantes que não enviaram a comprovação da primeira e da segunda dose da vacina contra a covid-19. A obrigatoriedade da terceira dose/reforço da vacina será aplicada para o segundo semestre de 2022. Dessa forma, apenas estudantes com as três doses das vacinas poderão frequentar aulas presenciais e obter notas nessas disciplinas no segundo semestre de 2022.
Há, até o momento, 275 alunos com registros irregulares de nota e frequência cancelados, mas o número ainda pode diminuir, pois há alunos que estão apresentando os comprovantes agora, depois da retirada dos registros, embora tenham sido vacinados há bastante tempo. Os 275 alunos correspondem a 0,45% do corpo discente de graduação, que é de 60 mil alunos.
Leia, a seguir, a íntegra do editorial.
USP acerta ao cobrar vacina
Ao punir alunos que não apresentaram comprovante de vacinação, USP mostra preocupação com a saúde coletiva
A Universidade de São Paulo (USP) removeu notas e registros de frequência de 275 estudantes de graduação que não comprovaram ter completado o esquema vacinal primário contra a covid-19. Com isso, esses alunos deixaram de ter as suas atividades acadêmicas registradas no sistema eletrônico da universidade, o que significa que não poderão continuar estudando na USP enquanto não regularizarem a situação. A medida é acertada e envia uma clara mensagem à comunidade acadêmica: a proteção da saúde de todos depende da vacinação de cada um.
A decisão de exigir que os alunos se vacinassem foi tomada ainda no ano passado. Portaria editada em agosto de 2021 determinou que só quem comprovasse o esquema vacinal primário poderia retornar às aulas presenciais a partir de outubro daquele ano. A regra continuou válida no primeiro semestre de 2022, e foi com base nela que a instituição acaba de remover as notas e os registros de 275 estudantes. Para o atual 2º semestre, porém, será necessário comprovar a 3ª dose da vacina − ou a dose de reforço, no caso de quem tomou inicialmente a dose única. De novo, alunos não vacinados deverão ter seus registros excluídos do sistema eletrônico.
Como informou o Estadão, a exigência do chamado passaporte vacinal não só é correta, como tem respaldo em decisões do Conselho Estadual de Educação e do Supremo Tribunal Federal (STF). Nem poderia ser diferente. A vacina é a principal arma contra a covid-19, doença que já matou mais de 686 mil pessoas no País. E a proteção coletiva, princípio invocado pela Universidade, torna-se maior à medida que mais pessoas estão imunizadas. Saber que os colegas de sala estão vacinados, por óbvio, é fator de segurança para quem frequenta a Universidade.
Vale destacar que os 275 alunos de graduação cujos registros foram excluídos do sistema eletrônico correspondem a apenas 0,45% do corpo discente. Ou seja, é a minoria da minoria. Mesmo assim, em se tratando de um ambiente universitário − e da mais renomada instituição de ensino superior do Brasil −, não deixa de ser lamentável que estudantes se sintam estimulados a descumprir uma regra tão elementar para a saúde e o bem de todos. É dentro da universidade que se faz pesquisa e se produz ciência. Como ignorar, então, a importância e a necessidade da vacina?
Menos mal que a Reitoria já identificou casos de alunos que foram devidamente vacinados, mas não inseriram os comprovantes no sistema. Importante lembrar ainda que a instituição conta com uma comissão de saúde para analisar situações específicas, como a de estudantes que, por determinação médica, estejam impedidos de receber o imunizante.
A pandemia de covid-19 ceifou vidas e provocou enorme sofrimento para milhares de famílias. Também deixou lições, expondo a irresponsabilidade de autoridades que adotaram comportamento negligente diante da doença, a começar pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, que chegou a pôr em dúvida a eficácia do imunizante. A vacina é a principal arma contra o coronavírus. Não resta dúvida de que a USP está fazendo a coisa certa.
(Editorial publicado no jornal o Estado de S. Paulo, editoria Notas & Informações, em 5/10/22)