A USP não parou

 14/06/2007 - Publicado há 17 anos
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Passados 40 dias da ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo, alguns fatos merecem ser realçados com o intuito de derrubar certos mitos criados. A USP não parou. De forma organizada, porém desprovidos de parte dos meios necessários ao desenvolvimento pleno dos trabalhos de cada um deles, os órgãos da reitoria vencem as dificuldades, desde o início da crise. A maioria das unidades manteve suas atividades de ensino, pesquisa e serviços de extensão, com realce para aqueles relacionados à saúde, caso dos hospitais, clínicas odontológicas e postos de saúde.

Mesmo com a disposição de manter o ritmo das atividades assumidas por todos e a conjugação de esforços dos vários setores para trabalhar em condições adversas e, assim, evitar soluções de continuidade, há prejuízos tangíveis e intangíveis.

Os danos tangíveis referem-se a problemas com processos, sobretudo aqueles relacionados a recursos humanos -contratos, concursos de livre-docência e de professor titular, aposentadorias, entre outros-, que dependem da administração central para o devido processamento. Ademais, há outras modalidades de compromissos, cujo descumprimento implica o pagamento de multas, não raro, vultosas, sem falar na dificuldade na renovação de outros. A depreciação da universidade provocada pela conjuntura que vivemos é um dos prejuízos intangíveis mais perniciosos. É fácil destruir.

Leva muito mais tempo reconstruir uma imagem. Os fatos mostram insatisfação e inquietação. A USP, no entanto, vem se programando há tempos e possui projeto concreto de futuro, comandado por suas lideranças, hoje catalisadas pela reitora. Incansável na atividade administrativa, a professora Suely Vilela enfrenta com determinação as crises e mantém firme e indiscutível posição de diálogo. Põe-se por terra o mito da leniência na condução do impasse.

O conflito prolongado tem levado à convocação, cada vez mais freqüente, dos dirigentes das unidades, para compartilhar dos encaminhamentos e participar das decisões. A semente lançada por essa união que se forja é, sem dúvida, a base para a realização do entendimento de todos e execução do projeto institucional

em desenvolvimento. São itens desse projeto a presença internacional afirmativa e independente, a interação com a sociedade em seus aspectos emergentes e críticos e a participação mais democrática dos membros da comunidade na sua concepção e realização. Em síntese, reafirma-se uma USP atualizada, aberta e capaz de assumir seu riquíssimo patrimônio científico e cultural acumulado no tempo e no espaço.

O fato maior, que rebate todos os mitos criados, é que a Universidade de São Paulo não teme o futuro, pelo contrário, deseja esse futuro, porque se sabe forte e capaz de contribuir para o desenvolvimento do país e da nação. Os percalços ora enfrentados são infinitamente menores do que esse destino manifesto.

Subscrevem este artigo os professores:

Sylvio Sawaya, Alejandro Szanto de Toledo, Hans Viertler, Dante de Rose Júnior, Luiz Augusto Milanesi, Go Tani, Isilia Aparecida Silva, Ivan Gilberto S. Falleiros, Terezinha de Jesus A. Pinto, Carlos Roberto Azzoni, Marcos Boulos, Cássio Xavier de M. Júnior, Carlos de Paula Eduardo, Chester Luiz G. César, Marcia Ernesto, João Stenghel Morgante, Luiz Roberto G. de Britto, Jorge Kazuo Yamamoto, Paulo Domingos Cordaro, Ana Maria S. P. Vanin, Douglas W. Franco, Maria de Lourdes Pires Bianchi, João Cyro André, Rosa M. Godoy da Serpa da Fonseca, Ana Maria da Cruz, Gil da C. Marques, Oswaldo Massambani, Wanderley Messias da Costa, Adnei Melges de Andrade, Adriana C. Ferrari, Lisbeth Ruth Rebollo Gonçalves, José Luiz de Morais, Eni de M. Sâmara, Sérgio Antonio Vanin, João E. Stenier, Ana Lúcia D. Lanna, José A. B. Grimoni (vice em exercício), Maria das Graças B. de Carvalho, Augusto César C. Spadaro, Rudinei Toneto Júnior, Francisco de Assis Leone, Marcos Felipe S. de Sá, Marisa Semprini, José Aparecido da Silva; Maria do Carmo Calijuri, José Alberto Cuminato, Glaucius Oliva, Edson Antonio Ticianelli, José Jairo de Sales, Antonio Roque Dechen, Virgilio Franco de Nascimento Filho, Luiz Fernando Pegoraro, José Roberto de Magalhães Bastos, José Alberto de Souza Freitas, Holmer Savastano Júnior, Marcelo M. de L. de O. Ribeiro, Nei Fernandes de O. Júnior, Alvaro Esteves Migotto.

(artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, em 14/06/2007)


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