Ex-alunos da USP são vencedores do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro

Premiados por “M8 – Quando a Morte Socorre a Vida” e “10 Horas para o Natal”, Jeferson De e Bia Crespo passaram pelo CTR-ECA

 15/12/2021 - Publicado há 2 anos
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Cena de M8 – Quando a Morte Socorre a Vida, dirigido por Jeferson De – Foto: Divulgação

 

A 20ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro anunciou seus ganhadores no último 28 de novembro, em cerimônia remota e transmitida ao vivo pela TV Cultura. Dois longas-metragens de ex-alunos do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão (CTR) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP foram destaque na edição.

Criado pela Academia Brasileira de Cinema em 2002, o prêmio é um dos mais importantes do audiovisual no País. Aos vencedores são entregues as estatuetas Grande Otelo, nomeadas em homenagem ao ator brasileiro Sebastião Bernardes de Souza Prata, cujo pseudônimo é Grande Otelo. 

O diretor Jeferson De – Foto: Divulgação

O cineasta Jeferson De, formado pelo antigo curso de Cinema e Vídeo do CTR, ganhou duas estatuetas por M8 – Quando a Morte Socorre a Vida: a de Melhor Direção e a de Melhor Roteiro Adaptado, escrito em parceria com Felipe Sholl. Disponível na Netflix, o drama de suspense também foi vitorioso na premiação da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), na qual levou as categorias de Melhor Filme e Melhor Ator para Juan Paiva. Jeferson De ainda foi premiado em Melhor Direção no 47º Festival Sesc de Melhores Filmes, na votação pelo público. 

O longa conta a história de Maurício (Juan Paiva), um jovem negro da periferia do Rio de Janeiro que ingressa no curso de medicina em uma universidade federal. Na aula de anatomia, ele é apresentado a M-8, um cadáver que será estudado por ele e os colegas. A narrativa trabalha mistério e realidade, enquanto Maurício tem sonhos e alucinações com o corpo e busca desvendar a identidade por trás do desconhecido. 

Baseado em um livro homônimo, o filme aborda temas como o racismo, a violência policial e o genocídio da população preta. O elenco também conta com nomes como Mariana Nunes, Zezé Motta, Lázaro Ramos, Ailton Graça, entre outros.

Outro destaque foi 10 Horas para o Natal, que recebeu o troféu de Melhor Longa-Metragem Infantil e é roteirizado por Bia Crespo, da turma de 2008 do curso de Audiovisual do CTR, e por Flávia Guimarães. A direção é de Cris D’Amato. O filme foi lançado nos cinemas em dezembro de 2020 e está atualmente disponível no catálogo do streaming Amazon Prime Video. 10 Horas para o Natal também foi premiado como Melhor Roteiro de Obra Infantojuvenil no Prêmio ABRA 2021, da Associação Brasileira de Autores Roteiristas.

Bia Crespo – Foto: Divulgação

Ao Jornal da USP, Bia Crespo diz ser uma realização imensa receber a estatueta. “Fazer audiovisual no Brasil nunca foi fácil e nos últimos anos ficou mais difícil ainda. O próprio 10 Horas Para o Natal quase não conseguiu estrear. Por conta das leis de incentivo, era obrigatória a exibição em circuito comercial de cinema antes de ir para os streamings. O filme deveria ter chegado aos cinemas em dezembro de 2019, mas, por conta da paralisação e desmonte da Ancine, não conseguiu a documentação necessária a tempo, ainda que todos os trâmites tenham sido feitos dentro do prazo”, explica Bia. Em dezembro de 2020, quando houve uma abertura de salas de cinema durante a pandemia, o filme pôde estrear, seguindo para o catálogo da Amazon Prime Video, onde, conta Bia, tem feito ótimos números de público.

“Foi muito surpreendente ganhar dois prêmios tão importantes logo no meu primeiro filme. Eu sempre gostei de cinema comercial, filmes para grande público, então meu negócio sempre foi emocionar as pessoas. Nunca pensei que ganharia prêmios”, afirma. Para ela, ter o trabalho reconhecido pelos profissionais da área, para além do público, prova que é possível fazer filmes comerciais de qualidade.

10 Horas Para o Natal, com roteiro da ex-ECA Bia Crespo – Foto: Divulgação

 

Estatueta banhada em ouro de um cavaleiro segurando uma espada homenageia o ator Grande Otelo. Foi desenhada por Ziraldo e esculpida por Altair Souza – Foto: Divulgação

O longa nasceu em poucas horas. “A Paris Filmes me chamou para falar de outro assunto e, no meio da reunião, comentaram sobre um projeto de Natal que estava parado e precisava urgente de uma nova história. Eu disse que tinha uma sinopse e que mandaria no dia seguinte. Mas obviamente não tinha nada!”, relembra Bia. “Passei o resto do dia pensando em filmes que eu gostava, especialmente referências de Sessão da Tarde, como Esqueceram de Mim. Essa coisa de crianças sozinhas fazendo o que não devem me acendeu uma luz. E aí veio a ideia de fazer um filme de Natal do ponto de vista das crianças enquanto elas tentam fazer uma ceia para reunir a família.”

Quando se deu conta, Bia estava assinando seu primeiro contrato de roteirista, ao lado de Flávia Guimarães, em fevereiro de 2019. 10 Horas para o Natal abriu portas para a roteirista. “Foi fruto de anos de esforço, de dar a cara à tapa, de tentar encontrar uma forma de entrar no mercado de roteiro. Trabalhei durante anos no departamento de conteúdo de uma produtora, mas queria escrever minhas próprias histórias. Eu sabia que tinha uma boa visão de mercado e de narrativa, mas ninguém me dava uma chance. Quando virei free-lancer, me joguei no mundo, e aí as pessoas começaram a me ver como roteirista”, completa.


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