Unicef Brasil lança a radionovela “Direito de Ser Feliz”

Com participação de ex-alunos da USP, iniciativa busca promover a saúde de gestantes e bebês

 09/03/2021 - Publicado há 3 anos
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Radionovela promove os direitos da gestante e do pleno desenvolvimento do bebê – Foto: Reprodução/Unicef

 

Jussara, uma jovem filha de migrantes nordestinos, e seu namorado Denilson descobrem uma gravidez não planejada e resolvem se mudar da periferia de São Paulo para uma cidade fictícia do Nordeste durante a gestação. Perto de outros familiares e em uma realidade rural completamente diferente da que conheciam, enfrentam várias dificuldades, ao mesmo tempo em que recebem apoio dos programas de saúde comunitários para o pré-natal, e depois também com o nascimento do bebê. Ao longo do tempo, Jussara acaba se transformando em uma líder comunitária, mobilizando os moradores do lugar para melhorar a vida e a convivência, em especial, das crianças. Esse é o enredo da radionovela Direito de Ser Feliz, iniciativa da Unicef Brasil (Fundo das Nações Unidas para a Infância), que será veiculada a partir deste mês em mais de 70 rádios do semiárido brasileiro e território da Amazônia Legal, além de plataformas de streaming, Spotify e outros canais digitais.

Com o objetivo de promover os direitos da gestante e do pleno desenvolvimento do bebê, a radionovela acompanha de perto a protagonista, abordando informações essenciais, como nutrição (incluindo aleitamento materno e introdução de alimentos depois dos seis meses de vida), parto normal e os cuidados e atenção necessários desde a gestação até o primeiro ano de vida do bebê. Desenvolvida e gravada durante a pandemia, a radionovela também incorporou ações de prevenção na história. No total são 15 episódios de sete minutos, que contam com elenco de nove atores paulistas – alguns ex-alunos da Escola de Arte Dramática (EAD) da USP – e sete pernambucanos. A idealização é da médica Cristina Albuquerque, chefe de saúde do Unicef no Brasil, com direção artística de Andrea Soares, formada em Artes Cênicas pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e direção musical de Leandro Medina.

Segundo a médica Cristina Albuquerque, autora do roteiro original, a ideia é antiga. “Queríamos fazer uma radionovela que conseguisse transmitir informações de forma lúdica e divertida para famílias que moram, principalmente, em locais mais distantes, sem acesso à internet, ou mesmo famílias mais vulneráveis que não têm condições de acesso às mídias sociais”, afirma. E continua: “Com o advento da pandemia, resolvemos elaborar essa história de uma família vulnerável totalmente adaptada para o contexto”.

Cristina também destaca que, apesar de a novela ter uma linguagem bem popular, a história está embasada em evidências e conhecimentos científicos. Como ela diz, a mensagem diz respeito à importância de se investir na primeira infância, desde a gestação. “Isso vai impactar na saúde e no desenvolvimento dessa criança. E para isso não é preciso recursos financeiros, e sim acesso a um bom pré-natal e a participação do companheiro e da família”, completa. Além disso, lembra, depois do parto normal humanizado, a radionovela aborda os cuidados com o bebê, acompanhando seu desenvolvimento, com visitas de agentes de saúde e também de integrantes do Programa Criança Feliz.

Produção musical

Na radionovela Direito de Ser Feliz, o desafio foi a narrativa, como conta a diretora artística Andrea Soares, que comanda a produtora cultural Ilumiara, ao lado do marido Leandro Medina. “Se os atores fossem gravar de suas próprias casas, o risco de o som não ficar bom era imenso”, diz. A solução foi locar estúdios e gravar presencialmente, mas de forma isolada e com segurança. “O trabalho de ator foi fabuloso, porque não havia o diálogo real, só uma deixa da fala anterior. Ele tinha que ter uma potência de imaginação para se sentir inserido no contexto da radionovela, e buscar a intensidade das relações. É como se tivéssemos voltado para o teatro do século 19 e começo do século 20, quando o ator decorava somente as suas falas e a deixa da fala anterior”, explica.

Para fazer a trilha sonora, Andrea e Leandro Medina foram para o Vale do Catimbau (PE), na fronteira do agreste e do sertão, para captação das sonoridades regionais – o som dos pássaros, do vento e outros peculiares, como dos enxames de abelhas e de carros na estrada de terra. “A radionovela vai circular por toda a região, então queríamos trazer esse aspecto realista, especialmente porque as pessoas não estão vendo, só ouvindo”, analisa Andrea. A produção contou com nove músicos e instrumentos como rabeca, sanfona, pífano, flauta, sax, piano, violão, bateria, guitarra e baixo. “Assim como o cenário e a protagonista vão se transformando, há também uma transformação da musicalidade”, comenta.

O processo

Segundo Andrea, o contato com o Unicef veio em um momento difícil, bem no meio da pandemia, quando haviam sido cancelados dez espetáculos teatrais. Andrea convidou a Realejo Filmes, dirigida por Daniele Ricieri e Thomas Miguez, formados em Jornalismo e Audiovisual pela USP, respectivamente. A Ilumiara ficou com parte da produção artística e a Realejo, com a produção executiva do projeto. As reuniões com o Unicef começaram em outubro de 2020, as gravações foram concluídas ainda em dezembro e o processo de edição foi finalizado no início de fevereiro, com estreia nacional agora em março, em rádios comunitárias e públicas. É a concretização de um projeto. Andrea brinca, contando que uma amiga ligou e disse, a respeito da radionovela: “Agora posso ficar grávida, porque já sei tudo o que preciso fazer”. Para a médica Cristina, a iniciativa vai além dos direitos da gestante e do bebê, mostrando que “toda criança tem o direito de ser feliz”.

Não é a primeira vez que Andrea Soares presta serviços para o Unicef Brasil. Antes da radionovela Direito de Ser Feliz, ela desenvolveu para o fundo o projeto Deixa Que Eu Conto, disponível no Spotify, dirigido a crianças de 0 a 8 anos, que tinha como objetivo suprir a ausência da escola e abordar as relações familiares. A produtora ficou encarregada da série Deixa Que Eu Conto Amazônia, realizando 48 programas, com duração de 20 a 45 minutos, que tratavam de temas ligados às culturas indígenas, ribeirinhas e quilombolas, além de lendas tradicionais e outras histórias colhidas com os habitantes do território da Amazônia Legal. “Na região Norte, o Unicef fez várias parcerias com as secretarias de Cultura das prefeituras municipais para que esse material fosse oferecido pelos professores para seus alunos. O material ficou tão completo e bonito que vai virar um suporte do Unicef para a educação infantil”, revela Andrea.

A radionovela Direito de Ser Feliz, produzida pelo Unicef Brasil (Fundo das Nações Unidas para a Infância), está disponível na plataforma Spotify. Mais informações podem ser obtidas no site do Unicef Brasil


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