Pessoas mais autocompassivas são mais aptas a perceber seu fracasso como algo comum à humanidade, e a ser gentis com si próprias, lidando com pensamentos e sentimentos de forma mais equilibrada. Além disso, a percepção de fracasso é um dos fatores que diminuem a crença de autoeficácia. É o que revela estudo de psicologia sobre os conceitos de autoeficácia e autocompaixão da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, vencedor na categoria Monografia de Graduação no Prêmio Bernard Rangé, promovido pela Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC).
O trabalho Relações entre autoeficácia e autocompaixão: uma revisão integrativa da literatura é da aluna de graduação Alice Calori Filisetti, com coautoria da professora Carmem Beatriz Neufeld e da doutoranda Isabela Maria Freitas Ferreira, todas do Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental (LaPICC) da FFCLRP.
Segundo Alice, apesar de tanto a autoeficácia quanto a autocompaixão terem as suas bases teóricas consolidadas, “os estudos que falam da relação entre esses dois construtos ainda são escassos e incipientes. Além disso, não há nenhuma revisão integrativa já feita sobre o tema e existe uma grande lacuna de estudos na área feitos em português”.
A análise da aluna sugere que existe uma correlação positiva e significativa entre os dois conceitos e a percepção de fracasso como um dos fatores que diminuem a crença de autoeficácia é uma das formas pelas quais estão relacionados. Nesse sentido, Alice explica que “a crença da autoeficácia está relacionada à percepção e julgamento de um indivíduo em relação às suas próprias capacidades, ou seja, suas competências para agir de determinada forma em determinada situação”. E a autocompaixão “diz respeito a uma forma de relação consigo mesmo, envolvendo sentimentos de compreensão, gentileza, cuidado para com o eu”.
De acordo com a aluna, os dois conceitos vêm ganhando relevância no meio acadêmico “por conta de diversas evidências a respeito de seus efeitos sobre o funcionamento humano”. Por isso, Alice destaca a importância de realizar a revisão bibliográfica sobre o assunto e colocar a serviço da comunidade científica uma sistematização e análise crítica sobre a relação entre autoeficácia e autocompaixão.
O Prêmio Bernard Rangé foi instituído em 2013 para, além de homenagear o pioneiro da Terapia Cognitivo e Cognitivo-Comportamental, Bernard Rangé, incentivar jovens pesquisadores brasileiros nesta área, assim como Alice.