“Teremos resultados ruins em março e abril”, diz Heron do Carmo sobre a inflação

Heron do Carmo também comenta a queda da taxa de desemprego e da renda do trabalhador

 28/03/2022 - Publicado há 2 anos
O desemprego vem apresentando uma tendência de elevação significativa – Foto: Jeso Carneiro – Flickr
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A taxa de desemprego diminuiu para 11,2% em janeiro, atingindo 12 milhões de pessoas, segundo o IBGE, com destaque para o rendimento real do trabalhador, que voltou a cair, ficando em R$ 2.489 na média, encolhendo 9,7% em um ano. O professor Heron do Carmo, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, um dos principais especialistas em inflação no País, avalia esses dados em entrevista para o Jornal da USP no Ar 1ª Edição.

Heron do Carmo – Foto: FEA

O desemprego vem apresentando uma tendência de elevação significativa, 14% de desocupação durante a crise de 2015 e depois recuou. Conforme o professor, essa taxa voltou a apresentar um aumento a partir da crise sanitária, mas, em 2021, percebe-se uma ligeira queda de desemprego. Apesar da inflação, até a eclosão da crise sanitária, o rendimento real da família apresentou ligeira alta. A partir do início da pandemia, a crise atingiu fortemente o rendimento das famílias. 

Inflação

Outro complicador é o padrão de inflação, que puniu de forma mais significativa as famílias de renda mais baixa, que utilizam parte considerável da renda para a alimentação. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), o aumento dos alimentos não industrializados foi de 14%, e alguns alimentos, como as frutas, apresentaram elevação de 23%, além do aumento de 28% da energia elétrica e dos combustíveis. O professor afirma que a inflação acelerou tanto como consequência da pandemia como resultado da guerra entre Rússia e Ucrânia.

A economia brasileira está com um nível de atividade, de produção, além daquela de 2013. Andamos para trás na atividade econômica, não há oportunidades abertas de forma generalizada na economia para que o brasileiro possa correr atrás de sua renda”, complementa Carmo. “A economia continua patinando. Teremos resultados ruins em março e abril, a previsão é que a taxa de inflação chegue a 11,5% e o poder aquisitivo deve continuar a recuar. A tendência é que a situação econômica melhore a partir do mês de maio. Tudo indica que no próximo ano a inflação e o desemprego recuem.”


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