Ribeirão Preto, em SP, tem o almoço mais caro do País

Especialistas apontam fatores que vão da pandemia à guerra entre Rússia e Ucrânia, passando pelo poder aquisitivo e falta de políticas públicas para explicar o preço da refeição

 03/08/2022 - Publicado há 2 anos
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Fotomontagem com imagens de Freepik, Rawpixel e Wikimedia Commons por Jornal da USP
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Vinicius Iozzi – Foto: Reprodução/Facebook

Quem optar por almoçar em Ribeirão Preto pagará o preço mais caro do Brasil. Segundo pesquisa recém-divulgada pela Associação Brasileira das Empresas de Benefício ao Trabalhador, o valor do almoço na cidade lidera o ranking do País, custando em média R$ 56,84, enquanto que a média brasileira ficou abaixo, em R$ 40,64. Na capital paulista, por exemplo, o almoço sai em torno de R$ 43,01. 

De acordo com especialistas, diversos fatores interferem no preço do almoço na cidade, como a renda mensal do ribeirão-pretano, PIB per capita de Ribeirão Preto, aumento nos valores dos insumos e fatores externos, como a guerra entre Rússia e Ucrânia e a valorização do dólar. 

A pesquisa foi feita em 51 cidades brasileiras e considerou quatro categorias de almoço: o comercial, o sistema self-service, por quilo ou buffet a preço fixo, o executivo e o à la carte.

Combinação de fatores explica almoço caro em Ribeirão

Jéssica Srour – Foto: Reprodução/LinkedIn

Na visão de Vinicius Iozzi, executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes Seccional Alta Mogiana, que engloba a região de Ribeirão Preto, o motivo do alto preço do almoço na cidade vai muito além dos fatores externos e aumento dos insumos, sendo impactado também por impostos nacionais e encarecimento da mão de obra, já que todos esses custos precisam ser repassados ao consumidor final.

Para Jéssica Srour, diretora executiva da associação e coordenadora do estudo que definiu o preço do almoço no Brasil, mesmo com a alta, os valores estão controlados, “já que o custo da refeição aumentou 10%, abaixo da inflação, por conta da contenção de custos e margens de lucro por parte dos donos de restaurantes”. 

Pedro Henrique Nascimento – Foto: Reprodução/LinkedIn

Outro ponto levantado  por Pedro Henrique Nascimento, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, é o poder aquisitivo da cidade. Segundo o professor, “o fato de Ribeirão ser uma cidade mais rica pode ter permitido que esse repasse inflacionário tenha ficado maior e os preços consequentemente também maiores”.

A diferença de valores nos almoços entre a cidade de São Paulo e Ribeirão Preto, segundo Iozzi, não reflete a realidade dos moradores. Para o executivo, as pessoas pagam preços semelhantes para almoçar nas duas cidades, e a discrepância apontada pelo estudo é causada pela produção dos dois municípios. São Paulo é um grande centro de distribuição nacional e não precisa de uma logística complexa para transporte e produção de alimentos, diferentemente de Ribeirão Preto, que tem baixa escala de produção. A solução do problema “depende de políticas públicas de qualidade e vai além de simples questões de logística”, avalia Iozzi.


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