Com uma possível segunda onda de infecções de coronavírus em ascensão, novas estratégias econômicas para programas sociais são discutidas pelo governo. Elas giram em torno de dois tipos de apoio: o microcrédito, para pequenos empreendedores, e o Auxílio Emergencial. Sobre este, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou recentemente que pode ser prorrogado para 2021, caso a segunda onda se confirme. Anteriormente, o Auxílio Emergencial era previsto para acabar em dezembro de 2020. Para comentar as perspectivas nacionais em relação ao tema, o professor Paulo Feldmann, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), deu entrevista ao Jornal da USP no Ar de hoje (18).
Feldmann explica que o número de desempregados e trabalhadores informais vem crescendo, o que faz necessário que haja “planos para atenuar esses problemas”. A adversidade do programa de microcrédito aplicado por Guedes é de que paga apenas R$ 1 mil para investimento do microempreendedor, que precisa de mais dinheiro para comprar equipamentos e investir na nova empresa, destaca o professor. Outra questão comentada é que não é claro no programa qual o prazo para devolver o recurso investido pelo governo, nem quais são as taxas de juros em cima desse valor.
Para o caso de os dois programas coexistirem em 2021, é preciso um orçamento governamental, o qual, segundo aponta o professor, não existe. Para ele, a maior dificuldade está no possível pagamento do Auxílio Emergencial no próximo ano, área que o orçamento atual não conseguiria cobrir. Como uma das soluções, Feldmann aponta uma melhor equação de recursos, tendo em vista uma reformulação na forma como a tributação é cobrada no Brasil. Na visão dele, “ricos e super-ricos” poderiam pagar Imposto de Renda sobre os ganhos que têm com aplicações financeiras e com lucros de suas empresas.
O especialista também comenta que o País teve um crescimento da economia no terceiro trimestre, mas que só aconteceu devido à aplicação do Auxílio Emergencial, que permitiu que a população consumisse mais produtos, alimentos básicos ou até eletrodomésticos. Ano que vem será um ano difícil economicamente para o Brasil, diz Feldmann. O número de pessoas com necessidade de apoio só cresce, e o Brasil segue com um alto déficit por endividamento. O professor afirma que o “governo se mostra perdido”, sem soluções à vista.
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