O WhatsApp como ferramenta para educação em saúde da mulher

Gestantes atendidas no Mater, em Ribeirão Preto, vão receber informações e orientações sobre os eventos envolvidos e os melhores cuidados durante o trabalho de parto e sobre a colocação do DIU de cobre logo após o parto como uma opção de anticoncepção

 16/05/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 17/05/2022 as 16:42
Os estudos são pioneiros no Estado de São Paulo e possuem duas vertentes de análise  Fotomontagem com imagens de Freepik por Adrielly Kilryann/Jornal da USP

Para avaliar o uso de tecnologias de informação na educação em saúde da mulher, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, do Centro de Referência da Saúde da Mulher de Ribeirão Preto (Mater) e da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo vão produzir e disponibilizar vídeos curtos no aplicativo de mensagens WhatsApp para gestantes em Ribeirão Preto. Esse projeto conta com o financiamento proveniente de emenda parlamentar disponibilizada pela deputada estadual Marina Helou, que no mês de abril fez uma visita ao Mater.

O projeto é coordenado pelas professoras e pesquisadoras Carolina Sales Vieira Macedo e Elaine Christine Dantas Moisés, ambas da FMRP. O grupo de pesquisa é formado pela pós-graduanda da FMRP, Cibele Santini de Oliveira Imakawa, pelo graduando da FMRP, Daniel Heringer, pelos médicos do Mater, Ana Carolina Tagliatti Zani e Caio Antonio de Campos Prado e Ivan Daniel Terra. Já pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo participam da equipe de pesquisa Adriana Dias, Janaína Aparecida Tintori, Marisa Ferreira da Silva Lima e Suzete dos Santos Alves.

De acordo com os cientistas, os estudos são pioneiros no Estado de São Paulo e possuem duas vertentes de análise, sendo a primeira o impacto da informação adequada sobre os eventos envolvidos e os melhores cuidados durante o trabalho de parto e parto na escala de medo do parto natural. Já a segunda envolve o impacto da informação adequada sobre a colocação do DIU de cobre logo após o parto na escolha desse método.

Aproximadamente 80% das gestantes de risco habitual apresentam medos e preocupações relacionados à gravidez e ao parto – Foto: Reprodução/Freepik

 

As participantes serão gestantes que fazem pré-natal no ambulatório do Mater e que estarão no terceiro trimestre da gravidez. Elas serão separadas de forma aleatória em dois grupos em cada uma das vertentes, sendo um deles de controle com mulheres que receberão os cuidados pré-natais de rotina e o outro de intervenção e, além dos cuidados pré-natais de rotina, receberão um ou dois vídeos curtos informativos via WhatsApp por semana, por, no máximo, quatro semanas.

Carolina Sales Vieira – Foto: Reprodução/Facebook

“Cada voluntária participará de apenas um dos estudos, ou seja, a gestante que aceitar ser voluntária vai ser selecionada para uma das duas vertentes: medo do parto natural ou inserção de DIU de cobre no pós-parto imediato”, explica a professora Carolina Sales Vieira Macedo, da FMRP, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo.

A previsão é de divulgar os resultados no prazo de um ano e meio, período para produção, seleção das voluntárias, coleta e análise de dados, revisão da literatura científica e relatório final. “Se os resultados forem satisfatórios, a intervenção proposta nesse projeto poderá ser expandida para outros serviços de saúde. Além disso, abrirá uma importante perspectiva da utilização dessa ferramenta em outras linhas de cuidado. Em última análise, espera-se que essa ferramenta possa auxiliar a paciente a ter acesso a informações de qualidade para tomar decisões sobre sua saúde”, conta.

Medo do parto

Elaine Christine Dantas Moisés – Foto: Reprodução/Fapesp

“Aproximadamente 80% das gestantes de risco habitual, aquelas que não apresentam riscos maternos e perinatais aumentados, apresentam medos e preocupações relacionados à gravidez e ao parto”, explica a professora Elaine Christine Dantas Moisés, da FMRP e uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo. Os vídeos que serão encaminhados às gestantes participantes do estudo possuem temáticas que envolvem os processos fisiológicos envolvidos no parto natural e sobre as práticas humanizadas de assistência durante a gestação, trabalho de parto e parto. Durante todo estudo, as mulheres responderão questionários de monitoramento da escala de medo do parto, tipo de parto desejado, conhecimento sobre plano de parto, contentamento em relação aos vídeos e satisfação com o serviço recebido no Mater.

“Esperamos demonstrar que o acesso facilitado das mulheres a informações e orientações baseadas em evidências científicas, a respeito do processo de parturição, reduz efetivamente a prevalência de medo de parto na população e de desejo de realização de parto cesariana sem indicação obstétrica. Por outro lado, essa estratégia é capaz de aumentar o conhecimento e adesão das gestantes ao plano de parto, como também a satisfação em relação ao serviço assistencial prestado”, explica.

Contracepção pós-parto imediato com DIU de cobre

Assim como no estudo sobre o medo do parto, as gestantes vão receber vídeos curtos, semanalmente, pelo período de quatro semanas, com temáticas sobre vantagens, segurança e eficácia do procedimento de inserção de DIU de cobre no pós-parto imediato. “As mulheres devem ser adequadamente instrumentalizadas para serem capazes de escolher quando e se desejam usar anticoncepcionais, além de terem acesso imediato ao método escolhido. Esperamos demonstrar que a facilidade de informação e orientação baseada em evidências científicas possam aumentar a adesão das parturientes ao método do DIU de cobre”, explica a professora Carolina.

As gestantes vão receber vídeos curtos, semanalmente, pelo período de quatro semanas, com temáticas sobre vantagens, segurança e eficácia do procedimento de inserção de DIU de cobre no pós-parto – Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

 

Os resultados serão avaliados pela taxa de inserção de DIU pós-parto, taxa de comparecimento na consulta puerperal de avaliação do DIU inserido durante o parto, satisfação em relação aos vídeos recebidos e o conhecimento sobre o DIU de cobre e a inserção no pós-parto imediato.

Mais informações: cuids@mater.faepa.br

Por: Giovanna Grepi e Ferraz Junior


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