Desde que foram retomadas, as atividades presenciais nas escolas demandaram cuidados para garantir a segurança de alunos, funcionários e profissionais da educação. A transição das telas de computador para as salas de aula exigiu dos gestores públicos atenção para que a transmissão do coronavírus não fosse favorecida. Com isso, a volta às aulas pautou a nova nota técnica da Rede de Pesquisa Solidária a respeito da pandemia, a qual indicou as principais deficiências enfrentadas pelos governos nesse processo.
No documento, pesquisadores de diversas áreas buscaram indicar os caminhos ainda a serem seguidos no Brasil para uma retomada segura das atividades escolares. “Essas medidas são complexas. Nós dividimos em medidas de média e alta complexidade. Queremos chamar a atenção ao fato de que existe um desafio adicional na área de testagem, porque isso requer que a Secretaria da Educação esteja coordenada com outras secretarias, como a da Saúde”, explica a professora Lorena Barberia, membro da Rede de Pesquisa Solidária.
Entre as constatações do boletim, descobre-se que houve uma falta de coordenação entre as políticas adotadas pelo governo federal e pelos governos locais, com diferentes protocolos para o retorno presencial. Um caminho para avaliar as intervenções feitas no Brasil foi a criação de um índice de segurança do retorno às aulas presenciais. Sobre ele, a pesquisadora Dara Aparecida Vilela Pinto aponta: “O governo federal tirou a menor nota entre os Estados e as capitais, ficando com a maior nota os Estados e em segundo as capitais”.
Outro ponto importante destacado pelas pesquisadoras foi o das áreas de intervenção para garantir o retorno seguro às salas de aula. “A testagem ativa não é preconizada pelos protocolos, nem do governo federal nem pela maioria dos governos estaduais e das capitais para conter eventuais surtos nas escolas. A testagem tem ficado em segundo plano nesses protocolos de retorno presencial”, revela Dara.
O nível de testagem também foi acompanhado da distribuição de máscaras na categoria de problemas de alta complexidade: “Percebemos que a nota de máscaras já poderia ter sido melhor, porque não é algo que demanda um gasto tão grande, mas a qualidade de máscaras ficou bastante negligenciada, praticamente nenhum lugar adotou”, aponta a pesquisadora Maíra Meyer, lembrando que foram priorizadas medidas não tão efetivas de higienização, como o uso de água sanitária, e subestimados investimentos mais relevantes, como na qualidade das máscaras.
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