Não se pode criar cidades tecnológicas excluindo os menos favorecidos

Ana Carla Bliacheriene diz que hoje, quando se fala de cidades inteligentes, é muito comum ouvir como uma tríade: cidades inteligentes, cidades humanas e cidades saudáveis e, muitas vezes, um quarto elemento: cidades humanizadas

 22/04/2021 - Publicado há 3 anos
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Não se pode montar cidades tecnológicas excluindo os menos favorecidos Foto: Gerd Altmann/Pixabay
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As cidades inteligentes, ou smarts cities, são aquelas que otimizam a utilização dos recursos para servir melhor os cidadãos. Isso vale para mobilidade, energia ou qualquer serviço necessário à vida das pessoas. O assunto, apesar de ser inovador, ainda confunde muito no seu conceito. A especialista em gestão pública e smart cities, a advogada Ana Carla Bliacheriene, professora de Direito Público no curso de Gestão de Políticas Públicas da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, esclarece que “o conceito se inicia com os profissionais na área de tecnologia da informação focada na área de infraestrutura das cidades e depois vem uma leva de estudiosos que trabalham na área de arquitetura e discussão do espaço urbano. Em uma terceira onda, começam os pesquisadores  de ciências sociais aplicadas, como economistas, juristas, sociólogos, cientistas políticos, e começam a pensar no uso do serviço público com qualidade nas cidades”, continua a pesquisadora.

“Então, hoje, quando a gente fala de cidades inteligentes, é muito comum ouvir como uma tríade: cidades inteligentes, cidades humanas e cidades saudáveis e, muitas vezes, um quarto elemento: cidades humanizadas”, conclui a docente.

A questão da inclusão é um dos pontos mais importantes desse conceito. Não se pode montar cidades tecnológicas excluindo os menos favorecidos. Essa é uma das preocupações da Universidade; de acordo com a professora da EACH, a horizontalização é inexorável no planejamento de políticas públicas.

O pesquisador André Deak, doutorando em Design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo, especialista em multimídia, explica melhor a importância na escolha da tecnologia, que acaba beneficiando determinados grupos. Segundo o pesquisador, “os contratos onde se definem as tecnologias que vão ser utilizadas normalmente são negociados e realizados dentro de escritórios fechados, e a população fica sabendo depois que essas coisas acontecem”, avalia. Por outro lado, existem casos positivos de democracia participativa, como ocorre em Barcelona, onde 70% das ações do governo que ocorrem na cidade vêm de propostas feitas dentro dessa democracia híbrida, que inclui o on-line e o off-line.


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