Medida Provisória que propõe privatização da Eletrobras é alvo de críticas pelo formato

A professora Virgínia Parente comenta que a sugestão da privatização, por meio de medida provisória, debatida em um tempo mais curto, é um dos pontos que têm sido criticados, juntamente com a inclusão dos chamados “jabutis”

 30/06/2021 - Publicado há 3 anos
A professora Virgínia Parente destaca que a questão principal é saber se o novo arranjo vai interessar ao País – Foto: Alexandre Marchetti/ItaipuBinacional
Logo da Rádio USP

A Câmara dos Deputados aprovou, na semana passada, a Medida Provisória (MP 1.031/2021), que permite a privatização da Eletrobras. A medida propõe a redução do controle do governo da maior parte das ações da empresa, fazendo uma abertura de mais capital e incorporando mais acionistas a essa base. A Eletrobras é a maior empresa de energia elétrica, tanto do Brasil quanto da América Latina, responsável por 29% de toda a geração de energia do País e detentora de 49% de todas as linhas de transmissão.

Ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, a professora Virgínia Parente, do Instituto de Energia e Ambiente da USP, destaca que a questão principal é saber se o novo arranjo vai interessar ao País. “Não é uma questão de ter preconceito ou de achar que é melhor estar em mãos públicas, porque pode haver ingerência política muito grande, ou em mãos privadas, porque são mais ‘curtoprazistas’ e não investem em interesses da sociedade no longo prazo nem cuidam tanto do social.”

A sugestão da privatização por meio de medida provisória, debatida em um tempo mais curto, é um dos pontos que têm sido criticados na medida. A outra questão em debate é a inclusão dos chamados “jabutis” — apetrechos legais inseridos em um projeto de lei que escapam ao tema principal. Um deles diz respeito à obrigatoriedade de investimentos da nova Eletrobras em termelétricas, na geração de energia elétrica através de gás natural em regiões como Nordeste, o Norte e o Centro-Oeste do País, que não são ricas em gás. 

“Essa é uma outra crítica à forma como jabutis foram colocados: não queremos fazer o que é chamado de lock-in tecnológico, ficar preso dentro de determinadas tecnologias  por muito tempo, que estão sendo descontinuadas no mundo”, diz a professora. O gás natural, ainda que seja considerado o mais “benigno” dos combustíveis fósseis, ainda está associado a emissões.

A energia é também um dos componentes que mais pesam no custo final de uma série desses produtos e há tendência de encarecimento, segundo Virgínia. Nessa situação, o consumidor não pagaria apenas pela energia mais cara, mas também pelo valor embutido no custo final de produtos de uso cotidiano.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 

 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.