Escassez dos reservatórios pode afetar tarifação do consumo de energia e água

“Diante da perspectiva de agravamento da situação dos reservatórios, não descartaria alguma medida restritiva até o final do ano”, diz o professor Pedro Luiz Côrtes

 18/06/2021 - Publicado há 3 anos
Os reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo são suficientes para o segundo semestre, mas o mesmo não pode ser dito sobre 2022 – Foto: Spressosp

Especialistas consideram a possibilidade de implementação de algum tipo de restrição ao consumo de energia elétrica devido ao avanço do período de estiagem e à situação dos reservatórios no Brasil. Há sinalizações, por parte do governo federal, para um novo aumento do valor da bandeira vermelha patamar dois ou algum outro tipo de aumento no custo da energia elétrica, como forma de conter o consumo. Em relação ao abastecimento de água, principalmente na Região Metropolitana de São Paulo, também há uma grande preocupação.

“Diante da perspectiva de agravamento da situação dos reservatórios, não descartaria alguma medida restritiva até o final do ano”, disse, em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE). De acordo com Côrtes, das medidas que estão em curso, a mais imediata é o aumento do valor da bandeira vermelha patamar dois ou a criação de uma nova bandeira na tarifa de energia elétrica. Ele coloca que o sistema de bandeiras é mais vantajoso por se tratar de uma tarifa variável de acordo com a situação da crise hídrica, aumentando ou reduzindo o custo da energia elétrica. Outra medida que o professor considera é uma possível negociação entre o governo e o setor industrial para que este último remaneje sua produção para o período da madrugada. Para as indústrias, o custo da energia elétrica varia de acordo com o horário. Essa medida faria com que as indústrias reduzissem seu consumo do horário de pico para um período com maior oferta de energia e menor custo.

Em relação à oferta de água, Côrtes diz que os reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo são suficientes para o segundo semestre com razoável tranquilidade. No entanto, o mesmo não pode ser dito sobre 2022. Segundo o prognóstico feito pelo professor, a previsão é que a primavera e o verão sejam mais secos, não tendo chuvas o suficiente para reposição de água no montante necessário para o abastecimento. “A situação dos reservatórios tende a se agravar e acredito que algum tipo de medida restritiva também deverá ser implantada ainda este ano ou no ano que vem”, complementa Côrtes. Entre as possíveis políticas de redução de consumo, o retorno da política de bônus, em que as pessoas que consumirem abaixo da média terão um preço reduzido pelo m³ e quem consumir acima da média pagará muito mais. Esse tipo de medida foi adotada durante a última crise hídrica. 

Para o professor, ainda há expectativas de que a Sabesp reveja os contratos de demanda firme, que obriga os grandes consumidores a terem um consumo muito elevado e, a partir disso, fornecer uma tarifa mais baixa para eles. Esses contratos, durante a última crise hídrica, foram suspensos, uma vez que eles não são incentivo à redução do uso de água dos grandes consumidores. “Então, algumas medidas estão no horizonte, basta saber quais delas serão adotadas e em que tempo” conclui o professor.


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