Em contextos de desigualdades tecnológicas e de comunicação, a desinformação e os discursos de extrema direita se fortalecem. A educação midiática e o maior acesso a serviços de internet, para checar os conteúdos, seriam maneiras de atenuar essas desigualdades.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Vitor Blotta, do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, explica que o acesso à internet de qualidade quer dizer a “possibilidade de acessar diversos sites e verificar informações”.
O professor ressalta que, apesar de 80% da população ter internet, “esse acesso é de baixa qualidade”. Ele prossegue explicando que “normalmente há planos pré-pagos e que implicam somente acesso, por exemplo, ao WhatsApp e ao Facebook”. Nesse sentido, o usuário fica preso às informações contidas nessas plataformas, o que dificulta a verificação em outros lugares, como sites de checagem.
Para Blotta, outra desigualdade é a de condições de participação nos meios de comunicação. “Então, a ideia do direito à comunicação é também bastante restrita, principalmente quando falamos que, na internet, não importa se todo mundo consegue postar alguma coisa: o importante é quando conseguimos ser ouvidos por um grande número de pessoas”, afirma.
Educação midiática
A educação midiática e a alfabetização digital poderiam ajudar no combate a essas desigualdades nos meios de comunicação e aumentar a representatividade, com participação de diversas etnias, culturas e classes sociais. “Podemos pensar na educação midiática com algumas capacidades ligadas à ética e à técnica jornalística que, em alguma medida, têm que ser disseminadas pelo restante da sociedade”, destaca Blotta.
O professor fala em comunicação empática, um dos pontos tratados na educação midiática, que seria a ideia de comunicação pacífica e escuta atenta e respeitosa — o que não é visto em um cenário tão polarizado como o atual.
“Assim, conseguimos também trazer um pouco mais de discussão, de aprender com as diferentes gerações, classes sociais e grupos, ao invés de atacar, de ofender”, completa.
Evento
O Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA irá realizar o seminário Desinformação, Desigualdades de Comunicação e Regulação, com a presença do professor David Nemer, da Universidade de Virgínia. O evento ocorrerá dia 8/4, das 14h às 16h. Para mais informações, clique aqui.
Jornal da USP no Ar
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