Falta de acesso à internet de qualidade gera desigualdades na comunicação

Para Vitor Blotta, a ideia do direito à comunicação é também bastante restrita quando o que importa é se conseguimos ser ouvidos por um grande número de pessoas

 06/04/2022 - Publicado há 2 anos
Apesar de 80% da população ter internet, o acesso é de baixa qualidade – Foto: Freepik
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Em contextos de desigualdades tecnológicas e de comunicação, a desinformação e os discursos de extrema direita se fortalecem. A educação midiática e o maior acesso a serviços de internet, para checar os conteúdos, seriam maneiras de atenuar essas desigualdades.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Vitor Blotta, do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, explica que o acesso à internet de qualidade quer dizer a “possibilidade de acessar diversos sites e verificar informações”.

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O professor ressalta que, apesar de 80% da população ter internet, “esse acesso é de baixa qualidade”. Ele prossegue explicando que “normalmente há planos pré-pagos e que implicam somente acesso, por exemplo, ao WhatsApp e ao Facebook”. Nesse sentido, o usuário fica preso às informações contidas nessas plataformas, o que dificulta a verificação em outros lugares, como sites de checagem. 

Para Blotta, outra desigualdade é a de condições de participação nos meios de comunicação. “Então, a ideia do direito à comunicação é também bastante restrita, principalmente quando falamos que, na internet, não importa se todo mundo consegue postar alguma coisa: o importante é quando conseguimos ser ouvidos por um grande número de pessoas”, afirma. 

Educação midiática

Vitor Souza Lima Blotta – Foto: Sites USP

A educação midiática e a alfabetização digital poderiam ajudar no combate a essas desigualdades nos meios de comunicação e aumentar a representatividade, com participação de diversas etnias, culturas e classes sociais. “Podemos pensar na educação midiática com algumas capacidades ligadas à ética e à técnica jornalística que, em alguma medida, têm que ser disseminadas pelo restante da sociedade”, destaca Blotta.

O professor fala em comunicação empática, um dos pontos tratados na educação midiática, que seria a ideia de comunicação pacífica e escuta atenta e respeitosa — o que não é visto em um cenário tão polarizado como o atual.

“Assim, conseguimos também trazer um pouco mais de discussão, de aprender com as diferentes gerações, classes sociais e grupos, ao invés de atacar, de ofender”, completa.

Evento

O Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA irá realizar o seminário Desinformação, Desigualdades de Comunicação e Regulação, com a presença do professor  David Nemer, da Universidade de Virgínia. O evento ocorrerá dia 8/4, das 14h às 16h. Para mais informações, clique aqui


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