“Empreendedorismo por necessidade” dificulta crescimento de negócios liderados por mulheres

Simone Galina comenta dados do Sebrae, que apontam que 55% das mulheres presentes no mercado empreendedor brasileiro abriram o próprio negócio para sair das dívidas

 28/04/2022 - Publicado há 2 anos
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Há muitas restrições de atuação nos negócios liderados por mulheres – Foto: Unsplash

 

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De acordo com um levantamento divulgado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com a Global Entrepreneurship Monitor (GEM), 24 milhões de mulheres são empreendedoras no Brasil, o que corresponde a 49% do mercado empreendedor no País. Mas, ao lado da crescente participação feminina, a pesquisa chama a atenção para a quantidade de mulheres que se tornam donas do próprio negócio por necessidade, e não oportunidade, que corresponde a 55% delas, aproximadamente 13,2 milhões.

As dificuldades de crescimento na carreira “tradicional” empurram a mulher ainda mais para o empreendedorismo por necessidade, o que contribui para maiores chances de fracasso. A análise é da professora Simone Galina, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, que, mesmo assim, avalia como positiva a representatividade feminina no empreendedorismo brasileiro.

É que, além das limitações do empreendedorismo por necessidade, Simone afirma haver também muitas restrições de atuação nos negócios liderados por mulheres. Influenciadas pelo machismo estrutural, essas empreendedoras muitas vezes estão “presentes em serviços vistos como de mulheres, como beleza, cuidados e limpeza, influenciados pelo machismo estrutural”.

Vivência na prática

Depois de ter atuado como funcionária de várias empresas, a empreendedora Silvia Torró decidiu abrir uma revenda de veículos com o marido. Mas, após alguns anos, foi obrigada a fechar o negócio por problemas de saúde do companheiro. Diante dos problemas e da necessidade, a empreendedora optou por se arriscar no mundo dos doces, anteriormente mantido apenas como hobby.

Silvia conta que conseguiu se profissionalizar com orientações de associações e empresas ligadas à formação de novos empreendedores. E, com muita dedicação, hoje mantém uma confeitaria e já atua na área há sete anos. Diz que se trata de “uma experiência difícil, que depende de muito esforço, conhecimento e dedicação”, mas deixa claro que não se arrepende da escolha e se sente realizada construindo seu próprio negócio.  

Representatividade e resiliência

Simone Galina – Foto: FEA-RP

As mulheres empreendedoras estão abrindo caminhos para as futuras gerações, avalia a professora Simone, que acredita na importância dessa representatividade feminina para o mundo dos negócios. “As oportunidades se construirão pela possibilidade de empreendedoras pioneiras fortalecerem outras mulheres a trilharem o caminho do empreendedorismo”, diz Simone.

“É um longo trajeto, especialmente nos mercados de alta tecnologia para a participação feminina, mas é importante acreditar que estamos no caminho para alcançar esse objetivo”, destaca Simone.

A empresária Silvia reforça o posicionamento da professora da USP, pontuando como essencial que as empreendedoras “sejam persistentes, que não desistam e que busquem sempre a capacitação”.


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