Disputa pelo voto do jovem gera mobilização no cenário político brasileiro em ano eleitoral

Segundo o professor Antonio Euzébios Filho, os jovens querem alterar relações políticas, querem democratizar as lideranças e a forma de organização das instituições

 10/05/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 12/05/2022 as 8:24
Um dos tópicos mais apontados pelos jovens que buscam engajamento e participação política efetiva é a esperança – Fotomontagem Jornal da USP
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A participação política e o voto do jovem estão sendo objetos de disputa política intensa no atual ano eleitoral brasileiro. Foram identificados 2.042.817 novos eleitores na faixa de 16 a 18 anos. O professor Antonio Euzébios Filho, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da USP, examina essa mobilização em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª edição.

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Redes sociais ajudam os jovens a se interessarem mais pela participação na política

De acordo com o professor, os desafios políticos no Brasil giram em torno de toda a sociedade, não apenas do jovem. A polarização, o desinteresse em relação às eleições e a falta de participação na vida política evidenciam uma crise de representatividade no cenário brasileiro: “Assim como toda a população, isso afeta particularmente os jovens, uma desconfiança em relação ao processo eleitoral, não em relação à lisura necessariamente do processo eleitoral, mas em relação à finalidade, à perspectiva de mudança. Embora haja uma polarização no País, a gente convive com uma crise de representatividade profunda e uma desconfiança em relação às instituições.”

A mobilização nas redes sociais tem sido uma das estratégias utilizadas para alcançar o jovem. “A comunicação nas redes sociais é muito prática, dinâmica, rápida e muitas vezes se torna superficial, ainda que você possa explorar a internet, as redes sociais. Muitas vezes as pessoas e os jovens têm acesso e uma relação com a internet e as redes sociais muito de consumo, não necessariamente de aprofundamento e produção de conhecimento. É interessante porque é um paradoxo, nós vivemos a era da informação, mas não necessariamente essa informação produz conhecimento e não necessariamente o acesso às redes sociais produz engajamento político”, Euzébios Filho analisa.

Perspectiva de futuro

Antonio Euzébios Filho – Foto: Reprodução

Um dos tópicos mais apontados pelos jovens que buscam engajamento e participação política efetiva é a esperança. Para o professor, eles não devem ser subestimados. “Nós precisamos ter uma perspectiva de futuro. Tem algumas pautas identitárias, eu acho que isso é uma característica importante, a questão, por exemplo, do aborto, da liberdade sexual, da legalização das drogas, alguns aspectos como a questão do racismo, do feminismo estão crescendo muito entre os jovens. Acho que tem um elemento geracional que caminha para esse sentido, eles querem alterar relações políticas, eles querem democratizar as lideranças e a forma de organização das instituições”, relata.

Euzébios Filho comenta sobre uma particularidade na disputa política pelo jovem. Ele aponta que a campanha em busca de maior participação de jovens de 16 a 18 anos foi protagonizada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e destaca a influência e forte adesão de artistas: “Eu acho que há um certo imaginário de que o jovem vai ter um voto mais progressista, um voto mais a esquerda. Então, sem dúvida nenhuma, o campo da esquerda foi mais incisivo nessa disputa em relação à participação dos jovens de 16 a 18 anos, acreditando, como mostram vários estudos, que o jovem tem uma preferência eleitoral que não é absoluta, mas há uma tendência eleitoral em relação a votos na centro-esquerda e esquerda. A gente observa, por exemplo, dados de filiação partidária que são maiores nos partidos identificados abertamente no campo da esquerda e as próprias pautas identitárias  de que alguns artistas fazem parte.”


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